
Autofinanciamento é o principal recurso. Foto: flickr.com/photos/68751915@N05/
Apesar de toda conversa sobre o aquecimento do mercado de startups no Brasil, da vinda de fundos estrangeiros, da criação de aceleradoras nacionais e dos programas de incentivo do governo, as startups no Brasil ainda são financiadas na sua ampla maioria pelos próprios donos.
É o que revela a pesquisa “O Perfil do Empreendedor Digital no Brasil”, realizada pela e.Bricks Digital, empresa de investimentos do Grupo RBS, e consultoria Consumoteca com 342 empreendedores.
A segunda maior fonte de financiamento, com 12% são os chamados investidores anjos. A pesquisa não revela quanto desses investimentos poderiam se enquadrar na velha categoria de “paitrocínio”.
Logo depois, vem as empresas de venture capital (5%), empresa privada (4%) ou banco de investimento (1%).
Para 39% dos entrevistados, o empreendedor precisa ter uma boa rede de contatos para ajudá-los a abrir portas e a crescer. Apenas 2% desejam apenas o dinheiro do investidor.
Um número relativamente pequeno dos pesquisados (27%), já apresentaram seu projeto para algum investidor, o que sugere que o assunto está fora do radar ou é considerado inível pelas novas empresas.
Pouco surpreendente, a falta de recursos é apontada como a principal barreira para os empreendedores digitais no país, de acordo com 45% dos entrevistados. A burocracia vem logo atrás, com 39%.
Se pudessem, portanto, contar com o apoio de empresas especializadas em startups, 33% dos entrevistados pediriam financiamento.
Já 28% dos empreendedores gostariam de ter mais contato com o mercado, ou seja, maior facilidade para apresentar e comercializar o produto desenvolvido.
Essa é a segunda pesquisa realizada pela e.Bricks. Na primeira, em 2011, não foram feitas perguntas sobre investimentos, motivo pelo qual não é possível fazer comparações.
Entre os assuntos que se repetiram na pesquisa é possível detectar uma mudança no foco dos empreendedores, em linha com a evolução das tendências no período.
Em 2011, os entrevistados estavam empreendendo em Marketing Online (17%), Conteúdo (17%), Software (16%), Educação (14%) e Social Media (13%).
Já em 2013, os segmentos apontados como os de maior investimento dos empreendedores foram Serviços (33%), Aplicativos (30%) e E-commerce (29%).
“Os resultados apontam para uma clara profissionalização do mercado, tendo em vista que os setores de maior crescimento exigem mais dos empreendedores, tanto em capital quanto em esforço de equipe”, afirma Fabio Bruggioni, CEO da e.Bricks Digital.
Quando questionados sobre a formalidade dos negócios, 78% constituem empresa formal ou estão no processo de legalização, um número bem próximo aos 77% que estavam nessa situação em 2011.
Quarenta e três por cento dos empreendedores trabalham exclusivamente em seus projetos, enquanto que 52% dedicam parte do seu tempo ao negócio.
Vinte e sete por cento dos entrevistados afirmaram ter uma equipe formada por quatro ou seis pessoas; 15% responderam tocar o negócio sozinhos.
A pesquisa aponta uma concentração de empreendedores nas regiões Sudeste (43% estão em São Paulo) e Sul (21%).
Os empreendedores são, em sua maioria, homens com idade entre 25 e 40 anos. A pirâmide social dos empreendedores é diferente da população brasileira, privilegiando pessoas com maior poder aquisitivo e alto nível de escolaridade – 42% fizeram algum tipo de pós-graduação.
Cursos de graduação relacionados à tecnologia são os mais comuns entre os empreendedores digitais (19%), seguidos por istração de empresas (16%) e comunicação social (13%).
A necessidade de gerir seu negócio e colocar sua ideia para frente faz com que os cursos de pós-graduação mais frequentes estejam relacionados com gestão de negócios (23%), marketing (16%) e istração de empresas (11%).