SP: quebras de sigilo envolvem operadoras 1h2y19

Centenas de pessoas, entre elas políticos e empresários, tiveram os sigilos telefônico, bancário e fiscal quebrados ilegalmente por um esquema de espionagem do qual participavam policiais, executivos de empresas de telefonia, funcionários de bancos e pessoas ligadas à Receita Federal, informa o Estadão.
12 de janeiro de 2009 - 10:43
Centenas de pessoas, entre elas políticos e empresários, tiveram os sigilos telefônico, bancário e fiscal quebrados ilegalmente por um esquema de espionagem do qual participavam policiais, executivos de empresas de telefonia, funcionários de bancos e pessoas ligadas à Receita Federal, informa o Estadão.

A acusação noticiada foi feita pelos promotores do Grupo de Atuação Especial e Controle Externo da Atividade Policial (Gecep) e do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic). Uma das vítimas foi o deputado federal José Aníbal, líder do PSDB na Câmara.

Segundo o Estadão, promotores e policiais que atuaram na Operação Spy 2 investigaram por quatro anos os suspeitos de espionagem. Ao todo, foram pedidos à Justiça 22 mandados de busca e apreensão e as prisões de 20 pessoas.

Entre os acusados estão oito detetives particulares, uma pessoa ligada à Receita, quatro funcionários da Vivo, dois bancários, um delegado, três investigadores, um escrivão e um coronel da reserva da Polícia Militar.

Na tarde da quarta-feira, 07, nove dos suspeitos foram presos em São Paulo. Conforme o jornal paulista, ainda haveria mais uma prisão a ser realizada, mas o suspeito estaria foragido.
 
"A fraude se banalizou. Era muito fácil conseguir informações sigilosas", afirmou o delegado Ruy Ferraz Fontes, do Deic, ao Estadão na quinta-feira, 08.

Segundo Fontes, a organização era constituída de três células independentes: a primeira, desarticulada em 2004 pela Spy 1, era composta por policiais civis que falsificavam ofícios judiciais para pedir quebras de sigilos telefônicos às operadoras. A segunda, um grupo chefiado pelo detetive Domingos Esteves Júnior. Suspeita-se que a detetive particular Ângela Bekeredjian também esteja envolvida, tendo pedindo o histórico de chamadas do deputado à colega Elizangela Novais da Silva.

Elizangela, segundo a polícia informou ao Estado de São Paulo, captava interessados em investigações de caráter comercial, industrial, político ou pessoal que dependiam de quebra de sigilo. Os serviços clandestinos eram feitos por funcionários de operadoras e pessoas ligadas ao Fisco, e custavam de R$ 200 a R$ 2 mil.

Além disso, Elizangela também se aproveitava de falhas dos serviços de atendimento ao consumidor das operadoras. Ela, Márcio Rodrigo de Paula Nascimento - o único foragido - e uma mulher identificada como Flávia ligavam fingindo ser s e pediam à operadora que enviasse a conta detalhada por e-mail, ou simulavam ser do setor de cobrança das empresas, pedindo que os funcionários confirmassem dados, destaca o jornal.

Quando não conseguia as informações por estes meios, o grupo partia para o suborno, indicam as investigações. Segundo apurado pela polícia, um empregado da Telefônica, identificado como Roger Tabor Inácio, e uma da Vivo, Aline de Moura, colaborariam com o esquema.

A terceira célula teria no centro a detetive Rosemeire da Silva Scrittore, que manteria relacionamento estreito com a Vivo por meio do superintendente José Carlos Hanna e do gerente Flávio Jacinto de Morais, do setor antifraude da empresa.

O esquema visaria a atender interesses não só da Vivo, mas também de negócios particulares de Rosemeire e de Morais. Além disso, a detetive também teria obtido ilegalmente dados da TIM e da Claro, contando ainda com ajuda de funcionários do Bankpar, controlador dos cartões American Express, e do Banco Real para quebrar sigilo de clientes.

Não se sabe ainda quanto a quadrilha lucrou nem quantas pessoas foram vigiadas, informa a matéria do Estadão.