
Suas curtidas lhe denunciam. Foto: flickr.com/photos/N000@7
De certa forma, todos sabemos que cada curtida, comentário ou link que postamos no Facebook definem o perfil de cada um na rede social. No entanto, uma pesquisa divulgada pela Universidade de Cambridge e a Microsoft Research mostra que, na terra de Zuckerberg, esta definição pode ser bem mais apurada do que gostaríamos.
Em pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 11, os pesquisadores destacaram que padrões de likes postados por usuários podem entregar suas preferências políticas, religiosas, uso de drogas e até mesmo orientação sexual.
O estudo, realizado com 58 mil usuários norte-americanos, nasceu de um novo foco de pesquisa onde os experts analisaram padrões sutis nos likes e trocas de informações via Facebook, afirma o Wall Street Journal.
Estas novas informações jogam uma nova luz sobre o poder e os riscos da demografia digital, afirmam especialistas.
"Pessoas que compartilham seus likes não notam que estão compartilhando assuntos privados também", dispara o psicólogo Michael Kosinski, de Cambridge, que liderou o estudo.
Para o estudo, os pesquisadores usaram perfis demográficos, questionários de comportamento e testes psicológicos junto aos voluntários.
Estas informações foram correlacionadas com likes postados pelos entrevistados em suas redes sociais, a partir de um programa desenvolvido para identificar estes padrões.
Embora não seja 100% acertado, o histórico das curtidas no Facebook foi, em várias instâncias, apurado como um teste de personalidade, destacaram os pesquisadores.
Em um exemplo curioso, os estudiosos constataram que likes para a cidade de Austin, Texas, ao filme "Vovó Zona" e ao assunto "Relacionamentos deveriam ser entre pessoas e não o universo inteiro" estão em um conjunto de dez escolhas que, combinadas, indicam uso de drogas.
Além disso, foi possível distinguir os usuários democratas e republicanos em 85% dos casos, negros e brancos em 95% dos casos, e homens heterossexuais e homossexuaus em 88% da base pesquisada.
"Este estudo deveria acionar um alerta para a privacidade nas redes", afirmou Jeffrey Chester, integrante do Centro pela Democracia Digital, de Washington, entidade que discute assuntos referentes à mídia e telecomunicações.
Para Fred Wolens, gerente de relações públicas do Facebook, o fato de que os likes traçam padrões no perfil do usuário não surpreende.
Segundo Wolens, profissionais da área social e de marketing usam há tempos estas informações de redes sociais para prever características pessoais.
Mesmo assim, de acordo com Helen Nissenbaum, diretora do Instituto da Lei de Informação na Universidade Nova York, muitas pessoas que consentem em compartilhar estas informações não sabem dos detalhes íntimos que escapam nestas interações.
"Quando as pessoas concordam voluntariamente em dividir informação, elas não tem idéia do que pode ser inferido a partir delas", destaca.