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Serveloft desplugou seus serviços. Foto: Pixabay.
A Serverloft, uma companhia paulista de serviços de hospedagem de sites e cloud computing, deixou milhares de clientes fora do ar na semana ada, devido ao que parece ser um corte de conexão dos servidores da empresa na Equinix por falta de pagamento.
Segundo a reportagem do Baguete pode averiguar com Adriano Mendes, da Assis e Mendes Advogados, escritório paulista que está representando alguns dos afetados, pelo menos 16 mil clientes estão com sites fora do ar, alguns deles sem o a backup.
De acordo com Mendes, a Serverloft acumulava uma conta de seis meses com a Equinix, enquanto seguia cobrando seus clientes. A multinacional de data center finalmente cortou a conexão na semana ada.
Na quarta-feira, 14, a empresa avisou em seu de status que tinha um problema de energia nos seus racks da Equinix. No dia seguinte, o aviso era que o caso era de "âmbito jurídico", e que uma nova posição seria dada em 60 dias.
A empresa fechou os canais de atendimento e não fez novos updates no site. A página web da Serverloft, aliás, segue no ar, um sinal de que a empresa está hospedada em algum outro lugar.
Organizados em grupos no Facebook e no WhatsApp, clientes da Serveloft estão promovendo uma verdadeira caçada ao dono da empresa, Paulo Zivieri.
Segundo o Baguete pode averiguar, eles já falaram até com familiares do dono da empresa, além de deixar mensagens nas suas postagens do Facebook, mas não tiveram sucesso em localizar o próprio empresário, muito menos em ter uma projeção sobre como recuperar seus dados.
Os casos de problemas de clientes são variados como os usos de computação na nuvem.
Alguns dos relatos postados nos grupos falam em prefeituras fora do ar, com escolas impossibilitadas de fazer atualizações de notas.
Uma revenda de pneus tinha seu servidor do sistema de gestão na Serverloft e está sem emitir notas nem pagar salários. Outra companhia não consegue monitorar mais seus caminhões de entregas.
Pelo contrato e propostas que a empresa fazia, os serviços ficariam hospedados na Equinix de São Paulo, com um ambiente de cópia e backup no Rio de Janeiro. A empresa teria concordado em voltar subir os servidores para permitir um backup.
“Basta ele religar as máquinas e conexões para que os seus clientes consigam fazer o backup e levar os dados para outros serviços. Por algum motivo o Paulo Zivieri continua fazendo os provedores e todos os seus clientes de refém”, afirma Mendes. “O mercado está perplexo. Mesmo aos mais experientes isto é novo”, completa.
A reportagem do Baguete também não localizou Zivieri, que, pelas suas postagens no Facebook, aparenta ser um jovem de pouco mais de 30 anos com apreço por fotos do tipo selfie.
Procurada, a Equinix enviou uma nota dizendo que “se reserva ao direito de não fornecer, em nenhuma hipótese, informações relacionadas às empresas hospedadas conosco e seus respectivos ambientes para terceiros”.
Em seu perfil no Linkedin, a Serverloft diz ter sido fundada em 2013 e se anuncia como "um dos principais players do mercado corporativo de cloud computing". O mesmo perfil diz que a empresa tem entre 11 e 50 funcionários.
Uma pesquisa na rede social profissional só retorna o perfil de Zivieri e de uma profissional de vendas.
Ao que tudo indica, a Serverloft, é mais uma empresa de hospedagem e computação em nuvem que hospeda equipamento em colocation em grandes players como a Equinix, vivendo da margem de lucro.
“O nosso mercado é repleto de empresas informais ou individuais. É só uma pessoa ali trabalhando fazendo tudo. É preciso ter muito cuidado para selecionar um fornecedor para algo tão crítico", afirma Vicente Neto, presidente da Abrahosting, uma associação de empresas do setor.
Segundo o Hostmapper existem mais de 700 empresas de hosting no mercado brasileiro. Apesar disso, a Abrahosting tem apenas 30 associadas (a Serverloft não é uma delas). Neto atribui a diferença à exigências para associação que incluem formalidade, atuação mínima de três anos de mercado, entre outros.