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Chegada dos caminhões ao Tecon Santos, no Guarujá. Foto: divulgação.
A Santos Brasil, uma das maiores operadoras de contêineres do país, desenvolveu internamente um aplicativo para facilitar a comunicação com os motoristas de caminhão que am seus terminais portuários.
Com o app, a companhia quer amarrar a última ponta de um plano de digitalização do recebimento de containers iniciado ainda em 2014 no Tecon Santos (no Guarujá), Clia Santos (em Santos) e Tecon Vila do Conde (em Belém).
Ao longo do projeto, a Santos Brasil agilizou processos como a vistoria de avarias dos containers e a inserção dos dados da carga no sistema.
O que faltava era aprimorar a questão do agendamento da entrega do container, para saber se os caminhoneiros que estão entrando nos terminais estão fazendo isso na hora e no locais certos e antecipar eventuais problemas, assim como verificar sua identidade.
“Toda a questão de inovação tem um começo, que é conseguir resolver um problema. A gente viu que o desenvolvimento e a implantação de um aplicativo era uma boa solução para atacar especificamente essa dor”, conta Daniel Litvin, gerente executivo de planejamento e inteligência operacional da Santos Brasil.
Batizado de Caminho Ágil, o novo app foi desenvolvido do zero pela área de TI da Santos Brasil, que conta com cerca de 30 pessoas, na linguagem C#. O projeto aconteceu ao longo de 2020 e foi implantado em março de 2021.
Segundo a companhia, a ideia é diminuir a ocorrência de agendamentos incorretos e de condutores sem agendamento nos gates, assim como identificar gargalos e filas nas proximidades dos terminais — além de melhorar a previsibilidade de chegada do caminhoneiro.
A escolha pelo foco no motorista foi porque há profissionais que trabalham em diferentes transportadoras, então o o se torna possível independente da empresa de logística. No geral, há uma alta taxa de repetição tanto de motoristas quanto de transportadoras.
Caso o motorista já tenha operado anteriormente nos terminais, o aplicativo o identifica pelo número de seu celular e envia um código SMS, que é verificado no aplicativo, gerando uma senha de o.
Se o profissional está chegando a uma unidade da companhia pela primeira vez, o aplicativo inicia um processo de cadastro, solicitando uma foto da CNH, cujos dados são lidos via OCR.
Para essa funcionalidade, o time da Santos Brasil mesclou duas ferramentas: uma solução pronta da Microsoft Azure, para fazer toda a parte de reconhecimento cognitivo; e um algoritmo interno que, conforme treinado, vai aumentando a acuracidade do processo.
Além disso, o motorista precisa fazer três selfies. Todos estes dados são comparados no sistema de reconhecimento facial Data Valid, do Serpro, que se conecta diretamente aos dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Após a verificação, o motorista é redirecionado para cadastrar seu o e, assim, visualizar todos os agendamentos listados para si.
Nos dados gerados pelo sistema do terminal, que já a a se preparar para receber a carga, estão número da viagem, data e hora prevista de chegada da carga, missão, contêiner, placa do cavalo, placa do reboque e transportadora responsável pela carga.
Na mesma tela, o motorista tem o a um mapa com a rota traçada entre sua localização até o terminal onde ele está agendado. Para essa funcionalidade, a ferramenta utilizada foi o Azure Maps.
Além disso, é informado o tempo de trânsito, a previsão de chegada e a comparação entre a data prevista e a data agendada, permitindo que o condutor saiba se está adiantado, no horário ou atrasado.
Na chegada ao terminal, a menos de 1km de distância da entrada, o motorista pode realizar seu check in, informando sua chegada iminente. Caso se atrase, isso evita a cobrança de taxa de não cumprimento de janela.
Na aba "viagens", são visualizadas todas as operações que o profissional realizou ou vai realizar pela Santos Brasil.
Ao selecionar uma dessas viagens, é emitido o ticket de entrada, e o ticket de saída, caso ele já tenha finalizado sua operação, ou ainda a GMCI Eletrônica, um documento de transferência de responsabilidade para a carga poder sair de um terminal e ir para o outro.
Para colocar tudo isso em prática, o aplicativo tem integração direta com os gates automatizados, utilizando as APIs da Santos Brasil.
“Aproveitamos essas nossas comunicações prontas, todas essas integrações que a gente desenvolve in house mais fácil, então integramos o aplicativo dentro do sistema como um todo, fazendo uma conexão com todo o nosso sistema de agendamento”, explica Marcelo Rosa, coordenador de BI e inovação da Santos Brasil.
Outra preocupação no projeto foi com os aparelhos dos caminhoneiros. Disponível para Android e iOS, a aplicação é considerada simples e consome uma baixa taxa de dados do motorista para que se consiga chegar a uma alta taxa de utilização.
Em um universo de mais de 6 mil motoristas, a plataforma já tem mais de 1.250 usuários ativos e essa curva está crescendo.
“Ainda tem bastante oportunidade, mas é um crescimento natural e o retorno de quem está utilizando é positivo. A gente prevê continuar crescendo ao longo das próximas semanas e meses”, projeta Litvin.
Nos últimos anos, a Santos Brasil teve mais de 54 projetos ligados à tecnologia e à inovação.
Só em 2021, a companhia deve investir R$ 40 milhões na área, incluindo o projeto da troca do Terminal Operation System (TOS), que é uma espécie de WMS que faz uma gestão altamente complexa do terminal.
Iniciado em abril, o projeto está migrando para o Opus, da sul-coreana CyberLogitec, ao longo de 18 meses.
Neste ano, a companhia também anunciou a migração do seu sistema de gestão da SAP do ECC para o S/4 Hana, rodando na nuvem da AWS, em um projeto com consultoria da Mignow.
Listada no Novo Mercado da B3, a Santos Brasil foi criada há 24 anos para operar o Tecon Santos, o maior terminal da América do Sul.
Além dele, a empresa opera mais dois terminais de contêineres - Vila do Conde (PA) e Imbituba (SC) -, um terminal de carga geral (TCG, em Imbituba), um terminal de veículos (TEV) e um terminal de carga geral no cais do Saboó, ambos no Porto de Santos.
A empresa tem cerca de um terço do mercado nacional no segmento. Sua receita líquida em 2020 foi de R$ 926 milhões.