
Uma expécie em extinção. Foto: Pexels.
Santa Catarina perdeu de uma tacada quatro de seus jornais diários mais tradicionais, com a decisão do grupo NSC de publicar os títulos apenas de maneira semanal e apostar no jornalismo online.
Com a decisão, deixam de circular o Diário Catarinense, o jornal de maior tiragem e mais ampla circulação em Santa Catarina, publicado desde 1986; o A Notícia, baseado em ville, a maior cidade do estado, e em circulação desde 1923, e também o Jornal de Santa Catarina, conhecido como Santa, publicado em Blumenau desde 1971.
Os três jornais arão a circular como revistas semanais e o conteúdo diário será veiculado somente online, no portal NSC Total. O Hora de Santa Catarina, o jornal popular do grupo publicado em Florianópolis desde 2006, será agora apenas digital.
“Estamos ampliando nosso conteúdo online para ir onde grande parte do nosso público já está, com informação mais ágil e ível. Porém, avaliamos que existe espaço para o impresso, com um produto sofisticado e com conteúdo aprofundado, como o que estamos preparando para os finais de semana”, afirma em nota o presidente da NSC Comunicação, Mário Neves.
A NSC comprou os jornais, que foram fundados ou adquiridos ao longo dos anos pela RBS, em 2016. O negócio que envolveu também o canal de TV e emissora de rádio do grupo de comunicação gaúcho, uma transação estimada na época em R$ 1 bilhão
A empresa foi capitalizada por um grupo de investidores liderado pelos bilionários Lírio Parisotto, fundador da Videolar e investidor, e Carlos Sanchez, dono de um império no setor de medicamentos genéricos no Brasil, encabeçado pela a EMS. Parisotto saiu do negócio seis meses depois.
A decisão do NSC de acabar com seus jornais diários se deve em parte a algumas particularidades da mídia regional catarinense.
O Diário Catarinense, apesar de em tese ser um jornal estadual, tinha a circulação mais restrita à a capital e região metropolitana.
Com 477 mil habitantes, Florianópolis não é no entanto a maior cidade ou mesmo o coração econômico catarinense, um estado que seu grande centro em ville, com 515 mil moradores.
A maioria da população mora em uma série de cidades menores que são polos regionais, como Criciúma, Blumenau, Lages ou Chapecó. Essas cidades têm seus diários locais, que atuam muitas vezes de maneira coligada para captar verbas de grandes anunciantes.
Associações como ADI e ADJORI, juntas, istram ações de mais de 200 jornais impressos.
De todas formas, a RBS era o grupo mais poderoso, desfrutando do efeitos de escala de operar conjuntamente negócios de mídia impressa, TV, rádio e Internet.
Agora o domínio comprado da RBS fica enfraquecido. O jornal diário com maior abrangência geográfica e tiragem da versão impressa em Santa Catarina ará a ser Notícias do Dia, pertencente ao Grupo RIC.
Em meio aos seus próprios problemas, a RBS decidiu sair de Santa Catarina, um mercado no qual entrou ainda nos anos 80, para focar no Rio Grande do Sul, onde foi criada.
O movimento da NSC pode ser interpretado como uma continuidade nessa trajetória de diminuição, ou, sendo otimista, uma movimentação ousada na “transformação digital” da empresa.