
Mauricio Sirotsky Neto e Fernando Tornaim. Foto: Ronaldo Bernardi.
A RBS, grupo de comunicação gaúcho que está entre os maiores do país, acaba de lançar o RBS Ventures, um novo fundo de investimento, ou, como a empresa chama, um “media capital”.
A diferença entre a RBS Ventures e um fundo tradicional é que ela quer aporta “mídia” no lugar de capital para acelerar suas investidas.
“Nosso propósito é ampliar a relevância do segmento em que atuamos e aproveitar todo o potencial de desenvolvimento de negócios que podem ser impulsionados a partir da mídia. Vamos posicionar a RBS Ventures entre os principais players nacionais”, afirma Maurício Sirotsky Neto, membro da terceira geração da família Sirotsky, fundadora da RBS.
A nota da RBS não chega a explicar na prática o que vai ser oferecido por meio do conceito “mídia”, mas é fácil pensar em coisas como propaganda gratuita nos veículos do grupo, que incluem um canal de TV, emissoras de rádio e jornais líderes de audiência no Rio Grande do Sul.
O alvo são startups que tenham a própria comunicação como foco, ou façam parte de segmentos que se beneficiem especialmente de visibilidade na mídia, como educação, serviços, entretenimento e financeiro.
A RBS já tem uma investida: a Player 1 Gaming Group, em sociedade com a Globo Ventures. A P1GG é um spin-off da área de Games da Globo e uma das principais plataformas e ecossistema de games e e-sports do Brasil. Outras 50 estão em análise.
O lançamento acontece em meio a uma mudança da RBS como um todo. Em junho, a empresa fez uma reorganização societária, trazendo um novo grupo de acionistas, incluindo Nelson Sirotsky, o ex-CEO da companhia e filho do fundador.
As mudanças se dão por meio de uma compra de valor não revelado pelo TKPar, um veículo de investimento montado por Nelson Sirotsky e Fernando Tornaim, um empreendedor com um longo histórico de relacionamento com a RBS.
Tornaim, aliás, também vai liderar a RBS Ventures. Maurício Sirotsky Neto é filho de Nelson.
A RBS não chega a mencionar o tema, mas esse não é o primeiro fundo ligado a integrantes da família Sirotsky. Em 2013, junto com a família Szajman, do Grupo VR, foi criado o e.Bricks Ventures, com recursos totais na casa de R$ 300 milhões.
O valor foi investido em empresas como Infracommerce, GuiaBolso, RockContent, Arquivei, Contabilizei e BCredi, com mais força no mercado voltado para o B2B.
Os integrantes do lado Sirotsky na empreitada eram Pedro Melzer e Eduardo Melzer, que parecem não ter envolvimento na nova fase da RBS (o grupo de comunicação gaúcho e a família Sirotsky podem ser complicados de entender).
De todas formas, o Ebricks se juntou em 2020 ao Joá Investimentos, formando a Igah Ventures.
QUEM É A TKPar?
A TKPar é um grupo de investidores, com planos de comprar as participações de integrantes da família Sirotsky na RBS, assumindo o controle da empresa até o final de 2024.
O interessante é que esses integrantes são anônimos, tirando Nelson Sirotsky e Fernando Tornaim.
Segundo revelou o Brazil Journal, “pelo menos outros cinco empresários gaúchos” participam da empreitada, mas não querem aparecer.
A nota divulgada pela RBS na época da reformulação também fez mistério, falando apenas em “outros empresários gaúchos dos setores imobiliário, agronegócio e áreas financeira e de inovação”.
Tornaim, a outra cara visível do TKPar, tem um perfil próximo do universo da comunicação. Aos 18 anos, ele fundou o Kzuka, uma plataforma de comunicação voltada para o público jovem comprada pela RBS em 2005. Tornaim permaneceu na RBS como executivo até 2012.
A RBS faturou R$ 900 milhões ano ado, e conseguiu manter seu EBITDA estável ao redor de R$ 100 milhões nos últimos cinco anos.
Na média composta dos últimos cinco anos, a receita da RBS declinou 4% ao ano, mas seu EBITDA, apenas 2%.