
Jim Happelman, CEO da PTC. Foto: PTC.
A PTC, multinacional americana de sistemas de CAD e PLM, está colocando suas fichas na Internet das Coisas, em mais uma tacada da companhia para se manter relevante em um cenário de complexidade crescente no mundo do design de produtos.
O movimento começou a ser sinalizado no último dia útil de 2013, com o anúncio da aquisição por US$ 112 milhões da ThingWorx, uma startup criadora de uma plataforma de desenvolvimento para aplicações de Internet das Coisas que foi posta totalmente em evidência durante o evento mundial da empresa, que encerra nesta terça-feira, 17, em Boston, nos Estados Unidos.
A visão por trás da aposta da PTC em IoT é que, cada vez mais, diferentes indústrias desenvolverão produtos conectados na Internet, com mais funcionalidades para os usuários e possibilidades de monitoramento remoto pelos fabricantes.
A mudança será estimulada pela demanda e também pelo esforço das companhias de manufatura aumentarem sua receita de serviços, em que as margens de lucratividade são maiores, assim como as chances de fidelizar a clientela.
“Sem ter em conta a necessidade de gerenciamento de ciclo de vida do produto e das aplicações e agora da Internet das Coisas já não é possível falar sobre ser uma empresa de software para desenvolvimento de produtos”, resume Jim Happelman, CEO da PTC, que no ano ado faturou US$ 1,29 bilhão, alta de 3%.
Existem previsões para todos os gostos quando o assunto é Internet das Coisas, mas a ThingWorx – que deve permanecer como um player independente, mas com os produtos integrados à linha PTC – apostou suas fichas numa área menos observada da cadeia tecnológica necessária para transformar IoT em algo real: as aplicações.
“A discussão sobre Internet das Coisas tem girado sobre as coisas em si, sobre a conectividade necessária para a comunicação existir, mas não sobre as aplicações que farão isso tudo ter sentido”, resume Russell Fadel, presidente da ThingWorx.
Segundo explica Fadel, essa falta de foco em aplicações fez com que até agora a maioria das aplicações para IoT fosse feita com linguagens de programação não construídas para esse propósito como Java, Rails ou Microsoft Visual Basic.
A plataforma da ThingWorx cria as aplicações usando um approach drag and drop, o que, de acordo com a companhia, permite um desenvolvimento dez vezes mais rápido, reduzindo o custo de desenvolvimento.
Fadel tem suas estatísticas enormes para ilustrar o mercado potencial para uma ferramenta como a Thingworx.
A relação entre coisas conectadas e pessoas, que ainda tinha os usuários de carne e osso na frente [5 bilhões de pessoas contra 1 bilhão máquinas], já virou a favor nas máquinas, que estão em uma curva muito mais acelerada de expansão.
As previsões citadas pela Thingworx falam de 50 bilhões de coisas conectadas contra 7 bilhões de pessoas já em 2020, e incríveis 1 trilhão de coisas contra 9 bilhões de pessoas em 2035. O pulo do gato da progressão é que em 2020 serão necessárias 5 milhões de aplicações para fazer tudo isso funcionar e 100 milhões em 2035.
Previsões bombásticas sobre esse assunto são mato. A McKinsey Global Institute estima um impacto de US$ 6,2 bilhões até 2025 pela nova tecnologia, a IDC fala em um investimento de US$ 1,9 trilhão em toda a cadeia relacionada neste ano e a lista segue e segue.
Em termos mais concretos, Russell Fadel tem a biografia a seu favor. Antes de montar a ThingWorx em 2009, o empreendedor montou a Lighthammer Software, uma empresa pioneira em composição de aplicações para manufatura em tempo real comprada pela SAP ainda em 2005. Fadel foi VP na gigante alemã por quase dois anos.
Também parece haver um compromisso forte da PTC, que acaba de ingressar no Industrial Internet Consortium (IIC), um grupo dedicado a acelerar a adoção da Internet das Coisas fundada em março do ano ado na qual participam IBM, Cisco, GE e AT&T, entre outros.
Jim Happelman, o CEO da PTC, está envolvido no pessoalmente assunto. O executivo trabalhou em um paper sobre o tema com o professor e guru empresarial Michael Porter a ser lançado na prestigiada Harvard Business Review nos próximos meses, provavelmente com mais dados bombásticos.
* Maurício Renner viajou ao PTC Live em Boston a convite da PTC.