
Pontes vai deixar governo até abril. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Marcos Pontes, ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, vai deixar o cargo em breve, visando concorrer a deputado federal por São Paulo pelo PL.
Pontes revelou a decisão ao Tele Síntese em Barcelona, onde participa do Mobile World Congress, o maior evento mundial do setor de telecomunicações.
O prazo para Pontes deixar o ministério é 2 de abril, seis meses antes do primeiro turno das eleições. O ministro não revelou quem será o seu substituto.
Ex-militar da Aeronáutica, que foi a cara mais visível do programa espacial do Brasil e o único astronauta do país, tendo participado de uma missão espacial em 2006.
Antes de ser nomeado para o ministério, Pontes vinha aproveitando os frutos da fama, com uma carreira de palestrante motivacional e empreendimentos meio duvidosos como um “travesseiro aprovado pela Nasa”.
A nomeação foi recebida com reticência pelo meio acadêmico, mas é possível dizer que o balanço de Pontes à frente de Ciência e Tecnologia decepcionou mesmo às baixas expectativas depositadas no ministro, ainda tendo em conta a falta de verbas, a crise política e os efeitos da pandemia do coronavírus.
O Ministério da Ciência e Tecnologia sofreu grandes cortes de verbas e perdeu a briga por manter o Ceitec, centro de produção de chips em Porto Alegre em processo de liquidação.
O único interessado na propriedade intelectual do Ceitec foi a Softex, uma entidade de promoção ao software ligada ao governo federal.
Ainda no ano ado, o CNPq sofreu um apagão nas plataformas Lattes e Carlos Chagas, principais sistemas federais da pesquisa brasileira.
Pontes nunca teve muita influência dentro do governo, mesmo tendo tido a oportunidade de ser uma voz de bom senso em meio à conduta errática do governo federal em relação à pandemia do coronavírus (o que, talvez, fosse uma tarefa impossível para qualquer ministro).
O ponto mais baixo da trajetória talvez tenha sido proporcionado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse numa reunião com parlamentares que considerava Pontes "burro".
Guedes disse que o colega, vive no “espaço” e “não entende nada de gestão”.