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Desavisados que vejam Peter Sunde pelas ruas de Estocolmo, ou pela Rua da Praia durante os próximos dias aqui em Porto Alegre, não têm como reconhecer o inimigo público número um das gravadoras e dos estúdios, o mentor técnico do The Pirate Bay, site acusado de ser a maior fonte de pirataria da web.
O sueco, estrela principal do Fisl 10, será ignorado porque além de não ter uma perna de pau, um tapa-olho e um papagaio no ombro – características que como é sabido sempre distinguiram os piratas em qualquer parte –, também não parece o clássico hacker. Na verdade, Sunde tem cara de ser um simpático guri de apartamento.
Mesmo a pecha de estrategista de uma batalha decisiva contra o direito autoral o jovem rejeita, apesar de ser um dos indiciados em um julgamento no qual gravadoras pedem uma indenização de US$ 15 milhões a ele e mais três amigos por violações em massa de direitos autorais.
“Esse processo não é algo que nós buscamos, parte de um grande plano do The Pirate Bay para desafiar a indústria do entretenimento”, garantiu Sunde durante concorrida coletiva de imprensa. “Na verdade, nem me lembro quem botou o nome do site”, completou.
Numa atitude que poderia ser vista como calculada, Sunde faz questão de reduzir ao máximo a importância do julgamento, visto como um marco por muitos por ser o primeiro processo contra um site de torrents. “As gravadoras são como crianças mimadas que não querem buscar um novo modelo de negócio”, desdenhou o rapaz.
Mesmo a surpreendente condenação e multa de US$ 3,5 milhões em primeira instância na justiça sueca – tida como liberal na matéria de direitos autorais – não afetou Sunde, que promete recorrer até os órgãos máximos do judiciário da União Européia, motivo pelo qual o processo deve durar anos.
“Com certeza, não vamos perder o julgamento e muito menos acabar na cadeia”, brincou Sunde, que rejeita a comparação com o Google, usada por muitos para defender o site. “As gravadoras nos processam pelo que nós defendemos, não pelo que fazermos, que até pode ser parecido com o Google”, apontou.
Para Sunde, o fato do site colaborar com a polícia sueca na retirada do ar de pornografia infantil não abala a tese de defesa número 1 do es do site, baseada na alegação de não ter conhecimento algum da proteção legal do conteúdo dos torrentes ados pelos 22 milhões de usuários estimados do The Pirate Bay.
A acusação afirma que os fundadores do portal de compartilhamento de torrents colaboram com a polícia sueca em questões como combate a pornografia infantil, enquanto deliberadamente escolhem infringir as leis de direito autoral. “Não é uma questão de lei, é moral. Pornografia infantil é crime, indicar links com conteúdo protegido não”, acredita Sunde.
Mesmo assim, Sunde se posiciona sobre o que críticos enxergam como a falha primordial da estratégia de defesa do site: colocar a responsabilidade nos usuários, evitando um debate de princípios sobre a legitimidade do direito autoral em meios digitais. “Eu não quero impedir as pessoas de baixar o conteúdo que eles querem, seja protegido ou não”, afirmou.
Sobre a questão das receitas do The Pirate Bay, que conta com abundante conteúdo publicitário – outro ponto no qual a acusação concentra sua artilharia - Sunde é menos explícito.
“Usamos publicidade porque cobrar pelo uso individualmente é inviável”, desconversou o sueco, sem revelar valores, mas enfatizando que o site parou de aceitar doações e que toda a verba é usada no financiamento da infraestrutura ou em iniciativas relacionadas à causa do The Pirate Bay, o que nos últimos dias incluiu o apoio aos manifestantes nas ruas do Irã.
No final das contas, duas frases da coletiva de Peter Sunde resumem toda a visão do sueco sobre a polêmica em torno da validade e a viabilidade das leis de direito autoral do mundo físico serem aplicadas aos conteúdos na Internet.
“O público já decidiu que não deseja pagar nada pelo conteúdo”, começou Sunde. “Querer ser contra esse fato é como querer ilegalizar a cor a azul. Por mais que se apague, sempre vai haver algo azul em algum lugar”.
Comentário no Quentinhas
A coletiva de Peter Sunde foi comentada pelo editor do Baguete, Maurício Renner, em dois posts no blog Quentinhas. Confira a opinião do jornalista no links relacionados abaixo.
O sueco, estrela principal do Fisl 10, será ignorado porque além de não ter uma perna de pau, um tapa-olho e um papagaio no ombro – características que como é sabido sempre distinguiram os piratas em qualquer parte –, também não parece o clássico hacker. Na verdade, Sunde tem cara de ser um simpático guri de apartamento.
Mesmo a pecha de estrategista de uma batalha decisiva contra o direito autoral o jovem rejeita, apesar de ser um dos indiciados em um julgamento no qual gravadoras pedem uma indenização de US$ 15 milhões a ele e mais três amigos por violações em massa de direitos autorais.
“Esse processo não é algo que nós buscamos, parte de um grande plano do The Pirate Bay para desafiar a indústria do entretenimento”, garantiu Sunde durante concorrida coletiva de imprensa. “Na verdade, nem me lembro quem botou o nome do site”, completou.
Numa atitude que poderia ser vista como calculada, Sunde faz questão de reduzir ao máximo a importância do julgamento, visto como um marco por muitos por ser o primeiro processo contra um site de torrents. “As gravadoras são como crianças mimadas que não querem buscar um novo modelo de negócio”, desdenhou o rapaz.
Mesmo a surpreendente condenação e multa de US$ 3,5 milhões em primeira instância na justiça sueca – tida como liberal na matéria de direitos autorais – não afetou Sunde, que promete recorrer até os órgãos máximos do judiciário da União Européia, motivo pelo qual o processo deve durar anos.
“Com certeza, não vamos perder o julgamento e muito menos acabar na cadeia”, brincou Sunde, que rejeita a comparação com o Google, usada por muitos para defender o site. “As gravadoras nos processam pelo que nós defendemos, não pelo que fazermos, que até pode ser parecido com o Google”, apontou.
Para Sunde, o fato do site colaborar com a polícia sueca na retirada do ar de pornografia infantil não abala a tese de defesa número 1 do es do site, baseada na alegação de não ter conhecimento algum da proteção legal do conteúdo dos torrentes ados pelos 22 milhões de usuários estimados do The Pirate Bay.
A acusação afirma que os fundadores do portal de compartilhamento de torrents colaboram com a polícia sueca em questões como combate a pornografia infantil, enquanto deliberadamente escolhem infringir as leis de direito autoral. “Não é uma questão de lei, é moral. Pornografia infantil é crime, indicar links com conteúdo protegido não”, acredita Sunde.
Mesmo assim, Sunde se posiciona sobre o que críticos enxergam como a falha primordial da estratégia de defesa do site: colocar a responsabilidade nos usuários, evitando um debate de princípios sobre a legitimidade do direito autoral em meios digitais. “Eu não quero impedir as pessoas de baixar o conteúdo que eles querem, seja protegido ou não”, afirmou.
Sobre a questão das receitas do The Pirate Bay, que conta com abundante conteúdo publicitário – outro ponto no qual a acusação concentra sua artilharia - Sunde é menos explícito.
“Usamos publicidade porque cobrar pelo uso individualmente é inviável”, desconversou o sueco, sem revelar valores, mas enfatizando que o site parou de aceitar doações e que toda a verba é usada no financiamento da infraestrutura ou em iniciativas relacionadas à causa do The Pirate Bay, o que nos últimos dias incluiu o apoio aos manifestantes nas ruas do Irã.
No final das contas, duas frases da coletiva de Peter Sunde resumem toda a visão do sueco sobre a polêmica em torno da validade e a viabilidade das leis de direito autoral do mundo físico serem aplicadas aos conteúdos na Internet.
“O público já decidiu que não deseja pagar nada pelo conteúdo”, começou Sunde. “Querer ser contra esse fato é como querer ilegalizar a cor a azul. Por mais que se apague, sempre vai haver algo azul em algum lugar”.
Comentário no Quentinhas
A coletiva de Peter Sunde foi comentada pelo editor do Baguete, Maurício Renner, em dois posts no blog Quentinhas. Confira a opinião do jornalista no links relacionados abaixo.