
O PIB do Brasil caiu 1,9% no segundo trimestre de 2015. Foto: Kaspars Grinvalds/Shutterstock.
O PIB do Brasil caiu 1,9% no segundo trimestre de 2015 em relação ao primeiro trimestre. O dado foi divulgado pelo IBGE na manhã desta sexta-feira, 28.
Para o período, os economistas esperavam uma queda entre 1,4% e 1,9%. Na média de 18 instituições ouvidas pelo Valor Data, a expectativa era de queda de 1,7% no trimestre.
Na comparação com o mesmo período do ano ado, a queda foi de 2,6%.
No primeiro trimestre, a queda do PIB divulgada inicialmente havia sido de -0,2%, agora revisada para -0,7%. Dois trimestres seguidos de queda configuram recessão técnica.
Entre os principais indicadores, houve queda em quase todos na comparação com o trimestre anterior, com exceção do consumo do governo, que alcançou leve alta de 0,7%. O consumo das famílias caiu pela segunda vez seguida, ficando 0,2% menor.
Dos setores, a menor queda foi em serviços (-0,7%) e a maior foi na indústria (-4,3%), com agropecuária no nível intermediário (-2,7%).
Os setores que tiveram alta na comparação trimestral foram extrativa mineral e atividades imobiliárias (ambos com 0,3%), além da istração, saúde e educação públicas (1,9%).
A Exame ouviu especialistas para analisar a situação da economia a partir do resultado apresentado hoje.
Com a construção civil alcançando um recuo de 8,4%, o maior já registrado na série das contas trimestrais, Bráulio Borges, da LCA Consultores, cita diversos quesitos negativos envolvidos no resultado.
"A confluência de fatores negativos – impactos diretos e indiretos da Lava-Jato, corte de quase 40% dos investimentos públicos, término do boom da construção imobiliária residencial e comercial, dentre outros – ajuda a compreender resultado tão ruim", diz, em relatório.
Mesmo com o consumo do governo estando ainda positivo em relação ao trimestre anterior, André Perfeito, da Gradual Investimentos, afirma que isso acontece porque os efeitos do ajuste fiscal ainda não apareceram totalmente.
"Você estava no meio de uma desaceleração e aperta, espera que a economia vá crescer? No curto prazo, é isso mesmo. A gente resolveu fazer um ajuste recessivo, e isso inclui uma queda nos salários reais que nem começou direito no 1º semestre e vem mais forte no 2º semestre. A perspectiva para o terceiro trimestre ainda é sombria", completa.
O setor externo poderia ser um alívio nas perspectivas negativas, já que a queda do real torna os produtos brasileiros mais competitivos. As exportações subiram 7,5% e as importações caíram 11,7% na comparação anual, mas a contribuição é mais baixa do que em períodos anteriores porque não é só o real que está depreciando e a demanda do mundo não está ajudando.
"O mundo também tem taxas de câmbio em depreciação, e a nossa deveria depreciar ainda mais para ter algum efeito mais forte como no início de 2003, por exemplo, quando as exportações subiram 27%. Além do mais, você não tem o mundo crescendo como naquela época: pelo contrário, há desaceleração da China e crise na América Latina", diz Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.