
Jorge Augusto Callado.
A Fundação Parque Tecnológico Itaipu (PTI), ligada à usina hidrelétrica brasileira, trocou de presidente, colocando um perfil técnico no lugar de um perfil político cuja nomeação foi controversa.
Jorge Augusto Callado, ex-assessor técnico da Diretoria Geral Brasileira da usina, assumiu a posição no lugar de Ramiro Wahrhaftig, que estava na função apenas desde maio de 2017.
Como ele chegou lá é uma história complicada. Wahrhaftig foi nomeado para a diretoria de coordenação de Itapu em janeiro de 2017, como parte de uma sacudida geral na istração da organização pelo governo Temer.
Na época, o jornal o Globo fez uma matéria sobre o assunto, revelando os nomeados eram parte de um "loteamento político" o que feria o espírito da Lei de Estatais, aprovada pelo próprio governo temer para profissionalizar a gestão de empresas públicas.
Wahrhaftig, por exemplo, tinha sido dirigente do PSD do Paraná até maio de 2016, o que ia em contra da lei. A nomeação foi cancelada três dias antes da posse.
Mesmo assim, segundo também revelou o Globo meses depois, Wahrhaftig acabou contratado como assessor especial da presidência da empresa.
Ao longo da polêmica, a gestão de Itaipu se defendeu alegando que a empresa é ente binacional cuja gestão é regulada por tratados específicos assinados entre o Brasil e o Paraguai.
Callado também tem um background político, mas um pouco menos evidente. O biólogo foi secretário estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e superintendente do Ibama no Paraná, cargos que dificilmente se obtém sem conexões partidárias.
Mesmo assim, Callado tem um perfil mais próximo do que se pode esperar para o cargo: ele é especialista em limnologia (ciência que estuda as águas continentais), em planejamento e gerenciamento ambiental e mestre em gestão urbana.
O cargo de diretor superintendente do PTI, criado há 14 anos, não é bem um posto de alta rotatividade. Juan Sotuyo ficou à frente da fundação por 13 anos.
instalado em uma área de 75,54 hectares, o PTI é um espaço que reúne centros e laboratório de pesquisa, instituições de ensino e empresas.
O foco é a modernização da Usina de Itaipu e o desenvolvimento da região oeste do Paraná.
Em 2015, inclusive, Ministério das Comunicações, a Itaipu Binacional e a Fundação Parque Tecnológico Itaipu-Brasil am um acordo de cooperação para criar um “condomínio de data centers” no parque tecnológico localizado dentro da usina de energia.
Na época, foi criado um grupo de trabalho para definir metas, cronograma e recursos necessários para desenvolver o projeto, do qual não se ouviu mais falar desde então.
A Itaipu é a segunda maior usina hidrelétrica do mundo em geração de energia, fornecendo cerca de 75% da energia elétrica consumida no Paraguai e 17% de toda a demanda do Brasil.