
A cidade de Canoas terá que levantar R$ 100 milhões para entrar na rota dos parques de tecnologia e inovação da Região Metropolitana.
Esse é o custo inicial do Parque Canoas de Inovação (PCI), que reunirá empresas de áreas como tecnologia, conhecimento e serviços.
Lançado oficialmente nessa quarta-feira, 23, o projeto envolve a construção de prédios, parques e até um presídio (de 3 mil vagas para o semiaberto) numa área de 550 hectares no município, na Fazenda Guajuviras – BR-116, ao lado do bairro Guajuviras.
Segundo Jerson Luiz de Lima, gerente do projeto, os R$ 100 milhões representam apenas o gasto em infraestrutura, como energia, telefonia e outros serviços básicos para as instalação das companhias.
“Parte desse aporte deve vir da própria prefeitura, mas também trabalharemos com a capitação de parceiros, ou um âncora (investidor maior), para financiá-lo”, diz Lima.
De acordo com o gestor, algumas empresas já estão na mira do PCI, e os primeiros contatos deverão ser feitos a partir de maio de 2012 para início de obras no local.
Lima não revela, no entanto, os interessados.
Intenções e incentivos
Além do anúncio, um protocolo de intenções para a criação do Instituto Canoas de Inovação, uma entidade sem fins lucrativos que reunirá as universidades Ulbra, UniRitter, UniLassale e Instituto Federal de Educação, foi assinado.
O instituto atuará na istração do PCI, até que a Canoas Participações seja instituída, com a missão de gerir a área e fazer a ponte com a iniciativa privada.
Para atrair empresas, além da localização – o parque terá o pela BR-116 e pela RS-010 – o PCI oferecerá incentivos fiscais pelos programas Fundopem (estadual) e pelo Fundecan (municipal).
Não foram detalhados os benefícios oferecidos.
Mais que tecnologia
No parque, serão sete áreas temáticas: tecnológica, social e comunitário, conhecimento, natural, serviços, pública e científica.
Em área, o Parque Canoas de Inovação será o terceiro maior parque do Brasil, e o potencial de geração de empregos após a implantação será de 34 mil postos, informa a prefeitura de Canoas.
Alguns dos setores alvo para o PCI são energia, biotecnologia, aeroespacial e novas tecnologias, áreas que se valem de empreendimentos já presentes na cidade, como a Refap, Springer e AGCO do Brasil.
O foco é trazer empresas que agreguem valor a esses segmentos, inclusive da área da TI, que desenvolvam soluções para as verticais alvo do projeto.
TI em alta
Além do parque, a cidade tem outas iniciativas em TI na mira.
Em janeiro, por exemplo, deve começar a operar a mais nova empresa municipal de processamento de dados da Região Metropolitana gaúcha, a Canoas TEC.
Aprovada no final do mês ado pela câmara de vereadores do município a nove quilômetros de Porto Alegre, a entidade larga com um orçamento de R$ 1 milhão e foco no talento operacional.
“A ideia é ter um pouco mais de flexibilidade do que se tem hoje na prefeitura. Teremos gente concursada, como CLT, e salários mais competitivos”, revela Daniel Scherer, ex-diretor de Informática da prefeitura, que desenvolveu o projeto nos últimos seis meses.
Em fevereiro, o primeiro concurso público para a Canoas TEC deve ser realizado.
No mapa da TI
Município com 324 mil habitantes e PIB per capita anual de R$ 38 mil, com a criação da empresa Canoas entra num grupo seleto, o dos municípios com companhias de processamento de dados.
Na Associação Brasileira das Entidades Municipais de Tecnologia da Informação e Comunicação (Abemtic) são apenas 11 cidades com iniciativas similares – dos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Piauí, Pará, Goiás, Espírito Santo, Bahia e Amazonas.
Alguns dos associados são, inclusive, menores que Canoas, como Cachoeiro de Itapemirim (ES), com 190 mil habitantes e PIB per capita de R$ 11,3 mil.
Uma vez que o Parque saia do papel, a cidade também entrará na rota tecnológica já presente na região metropolitana, com parques em Porto Alegre, São Leopoldo e Novo Hamburgo.