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Mark Hurd, CEO da Oracle.
A Oracle lançou o seu software de gestão na nuvem adaptado para o mercado brasileiro nesta terça-feira, 28, prometendo recuperar o tempo perdido no mercado de ERP nacional.
“Há 20 anos atrás não fizemos o investimento para estar aqui primeiro. Agora fizemos e vamos ganhar muito market share”, afirma Mark Hurd, CEO da Oracle, que esteve em São Paulo para a abertura do Oracle Open World.
O momento histórico a que se refere Hurd, em 1996, foi quando a SAP fechou os primeiros grandes contratos com empresas brasileiras e começou a fazer a localização do seu software para as regras tributárias locais.
A aposta dos anos noventa rende para a SAP até hoje. De acordo com dados da FGV, multinacional alemã é líder entre empresas com mais de 700 usuários no país, com 51% do mercado. A Oracle está embolada com a Totvs na faixa dos 20%.
Muita coisa mudou desde então. A própria Oracle fez uma entrada mais decidida no mercado de ERP em 2005, ao adquirir Peoplesoft e JD Edwards, lançando dois anos depois o Oracle eBusiness Suite.
A promessa da Oracle é que o ERP cloud é o primeiro produto a entregar verdadeiramente a premissa tecnológica e os reais benefícios da computação em nuvem e não apenas um modelo comercial de aluguel de software por um preço mensal.
“A SAP pegou seu software tradicional, colocou em um data center e chamou isso de cloud. Por trás, segue sendo tudo feito da maneira tradicional”, provoca Hurd, dentro da tradição da Oracle de fazer bulling com a concorrência.
Segundo frisa o CEO da Oracle, o ERP na nuvem da Oracle foi 100% reescrito para rodar na nuvem, é atualizado para todos os clientes de uma vez só e a meta é ter melhorias contínuas a cada semana e tem a flexibilidade de expansão de usuários característica do modelo cloud.
Talvez mais importante para os clientes, Hurd garante que o software dispensa a figura de integradores de sistemas desenvolvendo funcionalidades adicionais e que as regras tributárias brasileiras estão no core do sistema, sendo atualizadas pela Oracle.
As chamadas “tropicalizações” tomaram tempo da Oracle: já aram dois anos desde que o Cloud ERP foi lançado nos Estados Unidos. Em paralelo, a companhia montou um data center no país, um dos 23 que a companhia tem no mundo, inaugurado em Campinas em agosto do ano ado.
“Nosso ecossistema terá uma mentalidade muito diferente. Eles terão o papel de implentar o software e ser a interface”, garante Hurd. A companha capacitou 100 profissionais em 35 parceiros para oferecerem o ERP cloud no mercado brasileiro.
A Oracle não abre meta para o seu novo produto de ERP no mercado brasileiro. Luis Meisler, VP para América Latina da companhia, garante que a ideia é competir visando a liderança em “todas as faixas de mercado”.
Em nível mundial, a Oracle tem 2,6 mil clientes do seu ERP na nuvem, dos quais 808 foram agregados somente no último trimestre do ano ado (desse total, a meta veio da concorrência).
Meisler revela que no Brasil o total de clientes em todos os produtos cloud (CRM, supply chain e assim por diante) chegará a 5 mil esse ano, sem abrir a base atual.
Provavelmente ciente que o mar não está para peixe, a Oracle parece adotar uma abordagem gradualista para seu avanço no mercado de ERP.
Adriano Chemin, vice presidente de Aplicações Cloud para América Latina, contou em um encontro com jornalistas a história de um cliente cujo CFO, usuário SAP, não se interessou pela proposta da Oracle em um primeiro momento.
“Fechamos um projeto de supply chain tão bem sucedido que ele acabou implementando o nosso budget planning integrado com o SAP”, revela Chemin, numa história que é um filme de terror para os alemães, que começaram justamente pela área de finanças a migração para o novo SAP S/4 rodando no banco de dados em memória Hana.
Chemin está na Oracle desde 1994, quando entrou no escritório de Porto Alegre da companhia, onde chegou a comandar todo o time para a região Sul e é o executivo responsável pelo novo business ERP no país.
Tanto quanto no software em si, a Oracle segue batendo na tecla de que é o único provedor com a resposta ponta a ponta no modelo como serviço, começando em infraestrutura, ando por plataforma e acabando nos aplicativos, e que, na venda conjunta, pode cortar custos significativamente.
A visão da empresa é que os clientes não vão querer lidar com diferentes provedores de software na nuvem e com o trabalho de integrar os dados. Grandes empresas oferecerão centenas de apps, deixando para o resto soluções de nicho.
“Até 2020, vão haver no mercado dois players que vão dominar 80% do mercado de aplicativos empresariais. A Oracle vai ser um deles”, garante Hurd.
* Maurício Renner cobre o Oracle Open World a convite da Oracle.