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Open source: como não fazer 421i58


27 de julho de 2012 - 10:01
Bryan Cantryll. Foto: Baguete Diário

Bryan Cantryll. Foto: Baguete Diário

Durante 14 anos, o engenheiro norte-americano Bryan Cantryll foi um satisfeito funcionário da Sun, onde ajudou a desenvolver o sistema operacional aberto Open Solaris. Até que veio a Oracle e acabou com a festa.

Em 27 de janeiro de 2010, a Oracle comprou a Sun e, em 13 de agosto do mesmo ano, parou de distribuir o Open Solaris. Resultado:

“Tudo aquilo que tínhamos construído estava acabado”, relembra Cantryll.

ados 45 dias, Cantryll e outros engenheiros pediram as contas e partiram para projetos próprios.

No caso de Cantryll, a migração foi para a Joyent, empresa de serviços em TI que oferece cloud pública para empresas como o LinkedIn.

Um dos primeiros a embarcar no Open Solaris, Bryan levou na bagagem especialmente lições de como não conduzir um projeto open source: “agente aprende visceralmente quando erra. Por isso estou aqui hoje, para dizer o que não fazer nesses projetos e evitar problemas às vísceras de vocês”.

ABRIR PELA RAZÃO ERRADA
Segundo Cantryll, muitas empresas, antes de abrir, se concentram num caráter “moral” da abertura de softwares, se perguntando o por quê de adotar o open source.

“Não se trata de certo ou errado. A pergunta é: quanto isso vai custar pra mim? E a verdade é que a distribuição de um software não custa nada, e traz benefícios”, diz Cantryll.

Em outras palavras, não abra por filosofia, mas sim pelas vantagens. Que vantagens?

E SE...
“Devemos buscar as vantagens certas”, responde Cantryll.

Muitas empresas, explica, cogitam demais sobre os resultados da abertura do código. “E se as pessoas começarem a se engajar e pagar para usar... como seria bom. Acorda!”, alerta o palestrante.

Na opinião dele, quem já pagava, até pode continuar pagando, mas quem não pagava e pode usar de graça, não vai começar a fazer isso do nada.

“A vantagem real é a popularização do software e os aprimoramentos, como correção de bugs. É o único se que deve se realizar nessa equação”, finaliza.

DESVALORIZAR O CÓDIGO
O tiro no pé do open source, na opinião de Cantryll, é dar o código à uma fundação: “É o mesmo que dizer que não vale nada”.

De acordo com o engenheiro, quando uma empresa dá a sua propriedade, ela sinaliza que está abandonando o projeto, que não vale a pena seguir investindo. O antídoto seria manter algum e ao código, mesmo que à distância.

FALSA ABERTURA
O próximo erro veio com um exemplo prático, a HP.

Em dezembro do ano ado, relembra Cantryll, a fabricante norte-americana de computadores – atual proprietária do sistema operacional móvel webOS desde a compra da Palm, em abril de 2010 por US$ 1,2 bilhão – prometeu abrir o código da plataforma mobile.

“Até hoje, julho de 2012, nada! Isso acaba com a sua credibilidade. É um erro tão idiota do ponto de vista técnico que só pode ter sido decisão de um gerente”, alfineta Cantryll.

Para ele, anúncio de abertura de código se resume a um link para um repositório: “E pronto!”

FORKAPHOBIA E DESGOVERNANÇA
Forks, de modo simples, ocorrem em projetos de software quando programadores pegam uma cópia de um código e começam desenvolvê-lo independentemente do projeto original.

Portanto, forkaphobia é a fobia à isso.

“É um erro temer a autonomia da comunidade. Não devemos reprimir a livre-iniciativa, de forma alguma. Quem sabe o projeto novo não toma um rumo útil para o seu projeto?”, raciocina Cantryll.

Numa tentativa de istrar a comunidade, os “forkafóbicos” chegam a criar os seus próprios métodos contraproducentes, como eleições para decidir os destinos do código.

“O problema de uma eleição é que ela tem pelo menos dois efeitos colaterais básicos: políticos e perdedores. Os dois têm condições de dividir a comunidade. Sem falar que os perdedores vão embora, e geralmente se perde ótimos colaboradores”, diz o palestrante.

Na opinião de Cantryll, o problema está em querer democratizar o open source como forma de governança.

“É muito bonito, mas não funciona numa organização. O remédio é ter bons líderes em quem a comunidade confie para tomar decisões sobre os rumos do projeto, sem podar a livre iniciativa”, aconselha.

FUGA DA LIDERANÇA
Cultivar esse líderes, no entanto, nem sempre é fácil no ambiente corporativo. O caminho natural , aponta Cantryll, é dar visibilidade aos executivos, e não aos empregados que muitas vezes são os engajados nas comunidades.

“Por isso, é fundamental para as empresas enxergarem que corporações não fazem a inovação, são as pessoas que fazem. E pessoas que lideram a inovação devem receber o que merecem”, finaliza.

Claro que a lista de erros tem origem: “Oracle!”.

Durante a palestra, Cantryll fez questão de corrigir mais um conceito equivocado: o da empresa do mal. E o exemplo, é claro, foi a Oracle.

“Não se pode dizer que a Oracle é má porque ser mau requer um certo grau de humanidade. A Oracle é como um moedor. Se você coloca a mão no moedor e ela a arranca você não sai acusando o moedor de mau. Claro que não, ele simplesmente mói. Assim é a Oracle”, finalizou.

Quem quiser ver a palestra de Cantryll, que hoje se dedica ao projeto Ilumos proferida inclusive num evento patrocinado pela Oracle, pode á-la aqui.

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