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A trajetória fulminante de Eike Batista chegou ao seu pior momento em 2017. Foto: Divulgação.
* Por João Gabriel Chebante
O tema é pauta da imprensa nas últimas semanas e saiu do espectro nacional para chegar aos principais sites de negócios do mundo. A trajetória fulminante de Eike Batista chegou ao seu pior momento: a prisão como cidadão comum do antes homem mais rico do país e um dos 10 principais do planeta.
Pode ser difícil perceber, mas é um grande aprendizado para os profissionais de marketing e vendas, de frente com novas tecnologias que mudam toda a dinâmica da atividade, principalmente em meios digitais.
Nos últimos anos, houve forte ascensão do conceito de inbound marketing (uso inteligente das mídias sociais, e-mail marketing e outros ganchos para gerar reconhecimento e referência de marca), bem como growth hacking e suas técnicas para fomentar o crescimento do resultados de comunicação e vendas. É claro que isso é o futuro do marketing: cada vez mais a intuição pesará menos que os grandes dados no desenvolvimento de novos negócios, produtos e serviços.
A derrocada de Eike Batista começou a partir do momento que sua dinâmica de captação de recursos foi muito aquém do que pessoas físicas e jurídicas almejaram ao investir na sua Mini-Vale, Mini-Petrobras e Mini-Embraer dos mares. O gestor do “Mundo X” era um excelente vendedor, mas prometeu mais do que devia e executou mal. Ainda que a conjuntura macroeconômica tenha dado um empurrão, o certo é que trata-se de um típico caso de overselling, quando sua proposta de valor está muito além da real entrega.
É aqui que mora a reflexão sobre inbound marketing e o mundo real: não adianta você adotar as melhores práticas de construção de marca, gatilhos mentais, geração de landing pages e plataformas para automatização de marketing. Tão importante quanto ajustar a máquina de comunicação e vendas nos dias atuais é entregar produtos e serviços coerentes com a sua proposta.
Ter um ótimo planejamento de inbound marketing deve ser o desenlace de um ótimo desenvolvimento de marca e sua entrega de valor, e não o contrário. Ainda que o meio digital dê a oportunidade de investir menores montantes, com maior assertividade e retorno no curto prazo, a economia ainda é pautada na entrega de ativos reais. Você precisa se preocupar com os demais pontos de contato da marca com o mercado - relacionamento direto com o cliente, logística, embalagem, produtos, pós-vendas - para validar a mecânica otimizada de vendas que está implementando.
Assim como no dicionário, “marca”, “trabalho” e “valor” devem sempre vir antes de “vendas”. Procure focar seus esforços para gerar resultados e remuneração ao seu negócio. Geralmente, quem olha prioritariamente em vendas tem uma ascensão rápida, pautada em uma proposta de valor fantasiosa, difícil de cumprir. Já a queda… Bom, a mais famosa delas em 2017 parou em Bangu 9.
* João Gabriel Chebante é fundador da Chebante Brand Strategy.