
Cidadão Bezos. Foto: flickr.com/photos/mathoov
Jeff Bezos pegou todo mundo de surpresa nesta segunda-feira, 05, ao anunciar a compra do tradicional jornal americano The Washington Post, em uma transação que envolveu cerca de US$ 250 milhões.
Os termos da negociação e esclarecimentos sobre a compra do jornal, que não envolvem a Amazon - empresa da qual Bezos é o CEO, foram amplamente cobertos pela mídia. No entanto, as especulações sobre os planos de Bezos ao adquirir um veículo símbolo da imprensa livre ianque ficaram abertas.
Para Gabe Stein, analista do site Fast Company, o foco de Bezos é ampliar sua liderança no mercado de consumo de conteúdos editoriais. Nos Estados Unidos, a Amazon já detém a hegemonia no mercado de e-books, e os jornais parecem ser o novo o do executivo nesta direção.
Para Lydia DePillis, do Wonkblog, página do próprio site do Washington Post, a compra do jornal por Bezos é sim uma estratégia do empresário que pode beneficiar e se beneficiar da Amazon, só que sem usar o dinheiro da companhia e provocar acionistas.
Segundo a jornalista, a credibilidade e visibilidade do jornal são moedas fortes, assim como o portal online da publicação, que é um dos poucos jornais do país que contam com uma receita consistente via meio digital.
A presença digital do jornal pode ser tanto uma vitrine para ofertas da Amazon, como também pode ser um conteúdo digital de qualidade a ser agregado em ofertas do site varejista, apontam analistas.
Para Chris Taylor, do Mashable, o poder de fogo do Washigton Post só tende a aumentar com a força da Amazon.
"E se o WaPo (sigla usada para o jornal) fosse entregue de graça, automaticamente, todos os dias, para todo Kindle no planeta? O New York Times se manteria por muito tempo como o jornal mais importante dos EUA?", questiona.
A compra do periódico não é a primeira incursão de Bezos no meio de notícias digitais. Em janeiro, ele investiu cerca de US$ 5 milhões no site Business Insider, especializado na cobertura de tecnologia e negócios.
Embora o retorno destes investimentos não sejam facilmente visíveis, como afirma DePillis, as apostas de Bezos são fichas de baixo valor para o dono da toda poderosa Amazon. O empresário figura em 26º lugar na lista dos mais ricos do mundo, da revista Forbes, com uma fortuna avaliada em US$ 26 bilhões.
No entanto, para Stein, com o exemplo da Amazon, que em quinze anos se transformou de um simples site de venda online em um marketplace massivo de dimensões globais e uma ferramenta lucrativa de armazenamento de dados com a AWS, planos a longo prazo e paciência são a carta mestra do bilionário.
"Se existe algo que aprendemos com Bezos, é que ele ama ter sua própria infraestrutura e empregá-la em novos nichos de negócio que nem conseguimos imaginar neste momento", finaliza.