
Mario e sua turma não estão contentes. Foto: divulgação.
A Nintendo anunciou esta semana que está encerrando suas operações no Brasil, após o término do contrato de quatro anos com a Gaming, empresa responsável pela distribuição dos produtos da multinacional no país.
O desejo de sair do mercado brasileiro parece ter saído da própria Nintendo, segundo destacou a marca japonesa em nota à imprensa. Segundo a fabricante, o cenário de distribuição e impostos no país tornou o modelo insustentável para a empresa.
Segundo Bill van Zyll, Diretor e Gerente Geral para América Latina da Nintendo of America, embora o mercado brasileiro tenha um público fiel, as altas tarifas de importação e não ter uma base local para fabricar os produtos pesaram na decisão.
Segundo dados do setor, atualmente a taxação de games importados chega a 72%.
“Trabalhando junto com a Juegos de Video Latinoamérica (dona da marca Gaming do Brasil), iremos monitorar a evolução do ambiente de negócios e avaliar a melhor maneira de servir nossos fãs brasileiros no futuro”, destacou van Zyll.
Entretanto, a Video Juegos continuará parceira da Nintendo no mercado latino-americano, o que não impede um retorno da marca ao mercado brasileiro, caso o cenário se torne mais favorável.
Além dos problemas tributários, que tornam os preços dos jogos e consoles oficiais mais caros, a empresa também teve problemas em outras formas de arrecadação, que poderia amenizar os baixos lucros nos produtos físicos.
A Nintendo teve problemas em se adequar a regulações bancárias (cartões de crédito e débito) para deslanchar suas lojas de conteúdos digitais para Nintendo 3DS (console portátil) e o WiiU.
Foi um problema que marcas como Sony e Xbox tiveram ao lançar para seus consoles, mas que conseguiram contornar pouco tempo depois de seus lançamentos, em 2013.
A questão dos impostos é uma pedra antiga no sapato das multinacionais de games no país. Em 2013, a polêmica levantou discussões acaloradas com o lançamento do Playstation 4, da Sony, que nos Estados Unidos custa US$ 399 (cerca de R$ 1 mil na cotação da época), e aqui no Brasil chegou nas lojas por absurdos R$ 4 mil. A explicação da marca foi a carga tributária.
Diferentemente da Nintendo, que importava praticamente todos os seus produtos para venda no Brasil, obrigando a lidar com lucros baixíssimos, Sony e Microsoft contam com produção local para games e alguns consoles e órios.
Mesmo assim, parece não ser o suficiente, o que alavancou a criação de iniciativas como o Jogo Justo, movimento de desenvolvedores e lojas que promovem impostos mais baixos para games e eletrônicos. Após fazer um certo barulho nos últimos anos, a iniciativa se arrefeceu em 2014, e nenhuma ação está programada por enquanto para o novo ano.
Apesar de toda a celeuma, pesquisas de mercado mostra que o mercado nacional de games ainda está aquecido. Um estudo da consultoria Euromonitor International revelou que o mercado de videogames no Brasil cresce, em média, 26,3% por ano desde 2008, com arrecadação total de hardware, software e produtos digitais ando de R$ 673,2 milhões para R$ 2,1 bilhões em 2013. Atualmente, o país é o 13º maior mercado no mundo.