
Carolina Cabral, sócia diretora da Nimbi.
A Nimbi, companhia especializada em software de gestão de supply chain, está inaugurando uma operação fintech, focada em oferecer contas digitais para caminhoneiros.
A meta é ter 10 mil usuários ativos no primeiro ano.
Antes, a empresa oferecia só a possibilidade de monitorar transportes, cuja negociação era feita pelos clientes diretamente com os caminhoneiros, com pagamentos em dinheiro ou transferências bancárias.
A Nimbi não está inaugurando um marketplace de fretes, apenas uma forma de contratação e pagamento para os caminhoneiros, com os quais seus clientes já se relacionam.
Muitas vezes, esses profissionais não tem conta bancária e recebem em contas de terceiros. A conta oferece ainda a possibilidade de antecipação de pagamentos (provavelmente, onde a Nimbi pode lucrar).
Pelo lado do contratante, a funcionalidade de contratar fretes permite negociar com os motoristas, emitir os documentos digitais como o CT-e e pagar de forma segura, evitando pagamentos em dinheiro vivo.
"A Nimbi Conta é gratuita e vai colaborar diretamente para que o caminhoneiro receba de forma segura e ágil. Além disso, adicionamos à conta um cartão pré-pago, isento de anuidade, que facilita as transações financeiras”, afirma Carolina Cabral, sócia diretora da Nimbi.
A Nimbi não é uma novata no segmento de logística. Seus produtos tem funcionalidades de leilões eletrônicos e emissão de pedidos.
A empresa já monitorou 1,9 milhão de entregas de carga nos últimos cinco anos (a Nimbi conta apenas as corridas, não os caminhoneiros individualmente).
O mercado potencial é enorme: segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o país possui mais de 1.1 milhão de veículos com registro para transporte de cargas em transportadoras e cooperativas.
O setor logística no Brasil movimenta por ano cerca de US$ 70 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira de Logística (Aslog), o que é 20% do PIB brasileiro.
Uma prova do potencial é que já existem outras empresas de olho no mesmo nicho que a Nimbi está mirando.
No final do ano ado, o Grupo Randon, um dos maiores conglomerados industriais do país, e a 4all, dona de nove startups nas áreas de pagamento e mobilidade, lançaram uma fintech focada no segmento de logística e transportes.
Ainda há muito mistério em torno do chamado "projeto R4", mas já se sabe que ele é uma "solução de banking para o setor lógistico".
A Nimbi está investindo pesado na promoção, dando R$ 50 para os caminhoneiros que baixarem o aplicativo até o final do mês, colocando anúncios em rádios e uma campanha com o influenciador Claudemir Gigliotti, um youtuber popular na categoria.
A empresa tem mais de 250 mil empresas cadastradas em seu marketplace. Além disso, Vale, Ambev, Leroy Merlin, Loggi, Faber Castell, Danone, Recicla BR, 99, CVC, dentre outras empresas, participam do portfólio da companhia.
A Nimbi teve faturamento R$ 35,8 milhões em 2018, último ano que divulgou resultados. Foi uma alta de 33% frente aos resultados de 2017.
TENDÊNCIA
Nos últimos anos, com a ascensão no país de grandes players digitais de serviços financeiros, as chamadas fintechs, muitas empresas de software estão se dando conta de que têm a possibilidade de ganhar dinheiro com os dados e as relações construídas dentro dos seus sistemas.
Um dos casos mais óbvios é o da Totvs, que gastou R$ 455,2 milhões, uma das maiores compras na sua história, para levar a Supplier, uma empresa especializada em intermediação de operações de crédito entre clientes e fornecedores.
A ideia é justamente integrar essa oferta dentro dos seus sistemas de gestão. A Supplier tem uma forte presença nas cadeias de manufatura e distribuição, nas quais a Totvs tem uma base importante de clientes.
A Linx, outra grande empresa de software de gestão, vinha desenvolvendo uma abordagem similar.
Recentemente, a companhia foi comprada pela Stone por R$ 6,8 bilhões, um negócio sem precedentes no mercado de tecnologia brasileiro que tem como pressuposto a possibilidade de lucro com a sinergia entre software e serviços financeiros.