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Cássia Hoelzel, head de inovação do Vóka (Foto: Divulgação)
A Mercur, fabricante de artigos de borracha sediada em Santa Cruz do Sul, no interior do Rio Grande do Sul, abriu um centro de inovação próprio com foco em projetos voltados para mercados ainda não explorados pela empresa, batizado de Vóka.
A quase centenária empresa gaúcha é muito conhecida pelas borrachas usadas em materiais escolares, mas ao longo dos anos já se aventurou em diversos segmentos, indo desde reparo de pneus, bolas de tênis e botes infláveis, até o setor farmacêutico e hospitalar, com a produção de andadores e muletas.
“Esse centro de inovação vem muito para um olhar de mercado e novos negócios. A gente se afasta um pouco do core da empresa e abre esse olhar para novas oportunidades. Quando a gente fala na Mercur, tendemos a olhar muito para essa questão do objeto, do material. Pretendemos também expandir esses horizontes para soluções e serviços que não sejam tão físicos”, explica Cássia Hoelzel, head de inovação do centro.
A executiva que faz parte da quarta geração da família fundadora da Mercur cresceu em contato direto com o empreendimento e desde 2020 vem atuando dentro das iniciativas de inovação na empresa.
Em 2014, a companhia chegou a criar um Laboratório de Inovação Social, apelidado de Lab, no qual são realizadas oficinas de cocriação que reúnem usuários, profissionais e colaboradores da Mercur, focados em criar soluções e validá-las.
Mas foi apenas em 2021, depois de dois anos de elaboração, que a empresa apostou com mais determinação na inovação diante do cenário pós-pandemia, com ajuda de uma consultoria da aceleradora paulistana Semente Negócios.
Criada em 2011, a Semente acumula 120 programas realizados, 15 mil empreendedores atendidos, 80% em aumento de faturamento e 60 mil horas de consultoria. Entre seus clientes estão Natura, Randon, Telefônica e Vale.
“Precisávamos construir um espaço e uma equipe que pudessem olhar só para essa inovação e tirar essa distração de dentro da empresa e dos processos que acontecem no dia a dia. Às vezes, a gente sonha muito alto, mas não consegue executar as ideias”, analisa Hoelzel.
Com o centro, a Mercur quer fomentar projetos e aprimorar seu portfólio nas verticais de tecnologia para reabilitação; tecnologia para negócios verdes; inclusão para todas as pessoas; produtos inteligentes com dados individualizados; prevenção e saúde integral; e serviços e experiências em educação e saúde.
“A gente cuida bastante da questão da prevenção e do tratamento de lesões musculares e órteses. A vontade que a gente tem é de olhar para o ser humano como um indivíduo, então queremos olhar para esses diferentes contextos de saúde, não só físicomotora”, completa Hoelzel.
A head do Vóka conta que a escolha por manter o centro de inovação em casa, apesar da distância de apenas 155 quilômetros de Porto Alegre, partiu do potencial que a companhia enxerga nos pequenos empresários e universidades do município, além da infraestrutura já disponível na região.
Mesmo assim, a executiva reforça que o Vóka foi criado para ir muito além de seus limites geográficos.
“Antes de sermos um espaço físico, nós somos um grande ambiente de inovação, um grande ecossistema. Não queremos ficar presos à cidade, mas queremos contar com um ambiente em que a gente possa trazer o presencial que também é muito rico. Mas a ideia é ser mais digital”, afirma.
Atualmente, o centro engloba quatro programas principais. Dentre eles, está o Vókathon, uma maratona de inovação com desafios propostos pela Mercur, cuja primeira edição aconteceu durante cinco noites de novembro com a participação de mentores internos e convidados.
O evento se encerrou com apresentações de hipóteses de cinco equipes sobre a problemática ‘Como podemos inovar no processo de reabilitação física e motora e torná-lo mais agradável para as pessoas’.
Com a finalização, a equipe do Vóka irá se aprofundar nas ferramentas desenvolvidas e encaminhar os projetos que receberam destaque durante o evento.
Entretanto, a empresa reforça que o Vokathon não busca acelerar as equipes. O objetivo principal recai sobre a exploração das hipóteses elaboradas e desenvolvimento interno de serviços a partir da melhor proposta.
A recompensa da equipe vencedora ainda não foi definida, mas Hoelzel especula que possa ser uma contratação para um dos squads da empresa.
Estes são voltados para produtos viáveis mínimos (MVPs), compostos por equipes multidisciplinares temporárias com foco na prototipação de um único projeto.
Hoje, a empresa possui dois squads em ação, um deles focado em novos modelos de negócios para produtos que já compõem o portfólio da Mercur, e outro voltado à exploração de novos produtos.
Em seguida, faz parte do ecossistema do Vóka, a Escola de Inovação, focada na capacitação através de inovação para os colaboradores da empresa e para o público geral.