
Henrique Meirelles.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não vê contradição entre propor uma agenda de restrição fiscal de longo prazo - 10 ou até 20 anos - em meio a um governo interino que pode não durar mais do que algumas semanas.
“Eu aceitei trabalhar não para um governo, mas para propor o que precisa ser feito no longo prazo. Não importa se o governo vai durar três meses ou três anos. Eu estou aqui agora fazendo o que precisa ser feito. É o que todos deveríamos fazer”, afirmou Meirelles, durante palestra no Ciab Febraban nesta quinta-feira, 23.
De acordo com Meirelles, o pacote atualmente em negociação com o Congresso estabelecendo a inflação como teto para o aumento dos gastos públicos é uma medida fundamental para o futuro do país cuja implantação pode ser acelerada por uma grave crise econômica, equivalente ao que foi no final dos anos 90 a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Além do pacote de controle do aumento do gasto público, Meirelles defendeu também aprovação de uma reforma da Previdência, em um “cenário pessimista” até o final do ano e o fim da vinculação obrigatória no orçamento de verbas para saúde e educação.
“Eu escuto comentários dizendo que essas são respostas que só trarão resultados no longo prazo. Bem, resolver um problema que data da Constituição Federal de 1988 não se faz de uma hora para outra”, apontou o ministro da Fazenda.
Durante a sua fala, Meirelles ironizou a tendência de diferentes governos brasileiros a empilhar cortes e medidas de curto prazo em áreas diferentes, com uma visão de “um mês” e sem enfrentar os problemas fundamentais.
“Os países que conseguem crescer são aqueles que sabem identificar em um determinado momento qual é o problema principal e atacam ele”, resumiu Meirelles,
* Maurício Renner cobre o Ciab Febraban em São Paulo a convite da SAP.