
Marchezan falou com empresários do setor de TI. Foto: Eduardo Beleske.
Nelson Marchezan, candidato a prefeitura de Porto Alegre pelo PSDB, se mostrou disposto a rever o papel da Procempa, estatal municipal de processamento de dados, durante encontro com entidades de TI gaúchas nesta terça-feira, 06.
“A Procempa é cara, mais cara do que Porto Alegre pode pagar”, disparou Marchezan, depois de listar o que vê como problemas na empresa como altos salários “50 pessoas ganhando R$ 50 mil, operadores de call center ganhando R$ 8 mil” e o alto custo dos serviços oferecidos “R$ 650 por ponto de rede, incluindo conexão e sistemas”.
Marchezan não falou quais seriam seus planos para a estatal, afirmando que “sinceramente, não sabia o que fazer com a Procempa”, preferindo questionar os presentes sobre se eles achavam que os valores cobrados estavam dentro da realidade de mercado.
Em um comentário não relacionado diretamente à Procempa, mas que também teria impacto na empresa, Marchezan se disse “contra novos concursos públicos, especialmente na área de TI”, e, entre as poucas críticas diretas que fez à atual istração foi ter “concedido aumentos que eu não teria concedido ao funcionalismo”.
O problema dessas decisões, apontou Marchezan, é que elas aumentam gastos fixos em um momento em que a prefeitura se aproxima de entrar no vermelho. “Se os gastos superam a arrecadação, o governo vai aumentar impostos. É demagogia dizer o contrário. Precisamos controlar os gastos públicos”, resumiu o candidato tucano.
Marchezan, provavelmente antevendo a oposição dos setores organizados do funcionalismo público a esse tipo de retórica, apontou que “sem apoio da sociedade é impossível mudar nada”. “Se os setores que tem educação e influência não se mobilizam, eles não podem botar a culpa depois no seu João e na dona Maria”, resumiu o deputado.
Os comentários de Marchezan se deram em meio a uma conversa alguns tons de franqueza acima do que se espera de políticos em campanha (políticos mais experientes ensaiam muito para parecerem tão espontâneos), dentro do estilo direto que tornou Marchezan uma figura conhecida na bancada gaúcha da Câmara de Deputados.
Ouvindo as reclamações dos presentes sobre a intenção do governo do Rio Grande do Sul de tributar software com um ICMS de 5%, medida com a qual será gerada uma bitributação, uma vez que as companhias do segmento já pagam o ISS municipalmente, Marchezan deu uma resposta taxativa, e, de certa forma um diagnóstico certeiro do problema de falta de representatividade política da área de TI.
“Isso é um absurdo, mas com os problemas financeiros do estado, vai acabar ando. O setor se mobilizou financeiramente para eleger um deputado estadual? Vocês já colocaram 300 pessoas no Piratini para reclamar">