
Serpro pode se tornar um fornecedor de certificados em grande escala. Foto: Pixabay.
O ITI quer usar o Serpro para fazer a certificação digital de 700 mil funcionários públicos federais, em um mega projeto que pode alterar totalmente o mercado de certificados digitais no país.
A informação é do Convergência Digital, que entrevistou o novo presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, Gastão Ramos.
Há 40 dias no cargo, Ramos parece determinado a deixar a sua marca.
“O governo tem papel de indutor, de fomentador, para que isso chegue à sociedade”, explicou Ramos ao portal brasiliense.
O plano de Ramos é que o Serpro forneça os certificados por “10 vezes menos” do que o valor de mercado, hoje na faixa de R$ 300 a R$ 400 por um certificado com validade de três anos.
Uma parte da redução de custo se daria pelo fato da União “saber quem são seus próprios funcionários”, o que, em tese, poderia dispensar o Serpro da exigência de fazer a certificação presencialmente.
A outra parte da conta viria do fato do Serpro, de controle federal, é uma Autoridade Certificadora ligada ao Ministério do Planejamento, que estaria interessado em tocar o projeto em frente.
A reportagem do Baguete conversou com pessoas com conhecimento do mercado de certificação digital. Elas se mostraram céticas em relação ao sucesso do projeto.
No papel, as coisas devem andar. O Comitê Gestor do ITI tem uma reunião nesta semana, na qual devem ser aprovada a criação de um regime específico para emissão de certificados digitais para servidores públicos federais.
A Associação Nacional de Certificação Digital representa a indústria privada de certificação digital no Brasil não vai se opor, disseram as fontes.
Os problemas, como costuma acontecer, devem se dar ao levar às ideias formuladas em Brasília para o campo da realidade.
Emitir 700 mil certificados digitais é projeto nunca antes executado no país (o país inteiro emitiu 3,2 milhões no ano ado).
O Serpro poderia enfrentar problemas de capilaridade para entregar o projeto em todo país, ou de recursos internos para criar a forma de fazê-lo remotamente.
Uma alternativa seria subcontratar fornecedores privados (provavelmente, o motivo pelo qual a associação das empresas da área não se opõe), mas aí ficaria difícil manter os preços nos patamares descritos por Ramos (o que, no final das contas, nunca acontece).
Caso o projeto do ITI vá adiante, é possível imaginar um efeito cascata de iniciativas do gênero no funcionalismo estadual, municipal, entidades de classe e assim por diante.
O resultado será um mercado de certificação digital totalmente diferente do atual.