
Altair Silvestri, CEO da Intelbras. Foto: Divulgação
A Intelbras, uma das maiores fabricantes de câmeras e equipamentos de segurança eletrônica e comunicação do Brasil, comprou 100% da fabricante de sistemas fotovoltaicos catarinense Renovigi Energia Solar.
Foi a maior compra da história da Intelbras, com um valor total de R$ 334 milhões.
Com matriz em Chapecó, a Renovigi afirma ser a maior no seu segmento no país, com 200 colaboradores e mais de 1,5 milhão de painéis solares instalados no país.
Seu faturamento em 2021 foi de R$ 799,5 milhões, com um lucro antes de juros e impostos, depreciação e amortização (EBTIDA, na sigla em inglês) de R$ 49,8 milhões.
Em nota, a Intelbras afirma que as operações de ambas as companhias, assim como as políticas comerciais e de produtos, continuarão independentes.
“A aquisição trará aos diversos canais de vendas e parceiros uma grande oportunidade de realização de negócios, ampliando ainda mais a disponibilidade de produtos ao mercado local, fazendo com que toda a cadeia seja beneficiada, o que inclui o consumidor final, pequenas, médias e grandes empresas”, afirma Altair Silvestri, CEO da Intelbras.
Depois de captar R$ 1,3 bilhão com uma abertura de capital em fevereiro de 2021, a Intelbras começou a comprar empresas.
A primeira foi a também catarinense Khomp, referência no desenvolvimento tecnológico de produtos e serviços nas áreas de telecom, com 75% da empresa adquirida por R$ 89 milhões no ano ado.
Além disso, a empresa abriu em 2021 a Filial Nordeste, localizada em Jaboatão do Guararapes, na região metropolitana de Recife.
A aquisição da Renovigi marca a entrada da Intelbras no mercado de energia solar - que vem crescendo com força no país.
De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), em 2020 o Brasil entrou para a lista dos 10 países com maior produção de energia solar do mundo. A geração solar distribuída atingiu a marca de nove gigawatts (GW) de capacidade instalada no Brasil no ano ado.
Segundo a entidade prevê, 2022 poderá ser o melhor ano da energia solar já registrado no país desde 2012.
O Brasil possui atualmente mais de 828 mil sistemas solares fotovoltaicos conectados e, desde 2012, foram mais de R$ 48 bilhões em novos investimentos, gerando cerca de 270 mil empregos acumulados no período.
“Números tão otimistas são fortes indicadores de que ainda há muito espaço para a energia solar crescer no Brasil. A aquisição da Renovigi proporciona mais capilaridade ao negócio de ambas as empresas, o que irá contribuir para a geração de novos empregos e criar oportunidades de negócios para todo o canal”, complementa Silvestri.
Distribuição é um dos pontos fortes da Intelbras, que atinge através de seus distribuidores e revendedores cerca de 98% dos municípios “com potencial de consumo eletrônico no país”, na avaliação da empresa.
A Intelbras tem oito unidades distribuídas pelo país: a matriz em São José, e sete filiais nos municípios de São José e Florianópolis, em Santa Catarina, Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, Manaus, no Amazonas, e Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco. Há ainda uma unidade em construção em Tubarão, Santa Catarina.
No terceiro trimestre de 2021, o último com resultados divulgados, a Intelbras teve receita operacional líquida de R$ 758 milhões, uma alta de 24,1% com relação ao mesmo período do ano anterior.
CORRIDA PELO MERCADO SOLAR?
A Intelbras não é a única que está de olho nas possibilidades de negócio geradas pelo crescimento da energia solar no país.
Em 2021, o fundo canandense Brookfield comprou, por um valor não revelado, 100% da Aldo Solar, a maior distribuidora de geradores solares para residências do Brasil.
Sediada em Maringá, a Aldo Solar faturou R$ 1,6 bilhão em 2020 e tem por meta chegar a R$ 6 bilhões em 2022.
A Aldo já vendeu 220 mil geradores, tem aproximadamente 30% de market share, faturou mais de R$ 3 bilhões em 2021. A expectativa para esse ano é comercializar mais 100 mil geradores, chegando ao marco de cerca de 310 mil geradores vendidos no Brasil, o equivalente a 8 GW.
Desde que começou a vender os geradores solares, a Aldo Solar já vendeu 160 mil unidades, o que é um terço de todos os geradores solares instalados nos telhados brasileiros.
Além da compra da Aldo, a Brookfield também está se movendo para ocupar uma posição na geração de energia solar no atacado no país.
Em 2020, uma matéria do Valor Econômico revelou que o fundo pretendia investir ao redor de R$ 4 bilhões em energia solar no Brasil.
A Aldo era uma distribuidora de tecnologia convencional, trabalhando com marcas como Samsung, Intel, HP e Microsoft, até entrar em 2015 no negócio de energia solar, comprando os diversos componentes e montando kits orientados para o público final.
Em 2019, a empresa faturou R$ 580 milhões e pela primeira vez a linha de geradores foi a líder em participação de receita, com 49% do total.
De lá para cá, o negócio de geradores decolou e é hoje 90% do total, com 11 mil revendedores e instaladores independentes cadastrados e 70% das vendas acontecendo por meio de e-commerce, um indicador importante das possibilidades de crescimento futuras.