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A descoberta de novas rotas e reduziu em 12% a distância de viagem durante as entregas. Foto: divulgação.
O iFood, aplicativo de entregas líder na América Latina, está apostando nas soluções de machine learning e inteligência artificial da Amazon Web Services (AWS).
Durante o evento AWS Summit 2020, a empresa compartilhou que criou uma academia interna de inteligência artificial focada no desenvolvimento de pesquisas sobre machine learning, deep learning e eficiência logística.
Como já nasceu em um ambiente digital, a startup já possuía uma cultura data driven muito forte, mas, no modelo usado até dois anos atrás, as demandas que surgiam eram respondidas de forma individual, o que não comportava uma grande escala.
Somando isso à complexidade da operação — que precisa agradar consumidores, restaurantes e entregadores — e à exigência dos clientes, que se tornou cada vez maior, a empresa resolveu apostar em IA e machine learning para ganhar essa escalabilidade.
Em um de seus primeiros projetos, o iFood está usando o Amazon SageMaker, plataforma de aprendizado de máquina em nuvem lançada em 2017, para prever o tempo de entrega dos pedidos com mais precisão.
Com um simulador de rotas, a equipe analisa diferentes parâmetros de operação de acordo com o dia da semana ou o horário do dia, considerando que sua numerosa operação está concentrada em dois momentos: a maioria no jantar e um pouco menos da metade no almoço — tornando-se mais intensa nas sextas, sábados e domingos.
O simulador funciona em ambiente AWS de forma muito parecida com um videogame, conseguindo testar situações específicas, como o que aconteceria em caso de tempo chuvoso, se houvesse o dobro de entregadores ou a metade deles, com mais ou menos pedidos.
Assim, é possível mexer com os parâmetros nesse ambiente seguro, colocá-los em produção e monitorá-la agressivamente, podendo observar o que está acontecendo de forma diferente do ambiente de simulação.
No final do dia, o time retorna essas informações para o simulador e treina os algoritmos.
Segundo a empresa, o uso desses algoritmos acelerou a descoberta de novas rotas e reduziu em 12% a distância de viagem durante as entregas.
“A gente conseguiu aumentar a nossa velocidade de experimentação, de forma segura e escalável, dentro da parte logística, algo que é bem difícil de experimentar. Então a nossa velocidade para avançar nas nossas melhorias em logística aumentou demais”, conta Sandor Caetano, chief data scientist do iFood.
Em outro projeto, a companhia usou machine learning para estimar o tempo de preparo de cada prato, assim como o tempo que o entregador leva para chegar ao restaurante onde a refeição está sendo produzida, reduzindo o tempo de espera do profissional.
Dessa maneira, o tempo ocioso dos entregadores diminuiu 50% e, segundo a empresa, isso gera um efeito em cadeia que ajuda em um delivery mais rápido e diminui a falta de profissionais.
Com a mudança, o acordo de nível de serviço (SLA, na sigla em inglês), que indica as entregas realizadas dentro do tempo prometido, subiu de 80% para 95%.
A empresa também usa o Amazon SageMaker para processar os modelos de preferência dos usuários, mostrando seus restaurantes preferidos de forma personalizada, assim como recomendações de refeições.
“A ferramenta que a gente usa tem mais tempo de mercado, então tudo que a gente precisa fazer é criar uma biblioteca que costure as ferramentas que a AWS disponibiliza para aquilo que eu preciso dentro do iFood. Então o nosso tempo de desenvolvimento e adaptação para o nosso domínio, para o nosso problema que é super heterogêneo, é reduzido”, explica Sandor Caetano, chief data scientist do iFood.
No início do ano, a AWS anunciou um investimento de R$ 1 bilhão para expansão de sua infraestrutura em nuvem na América do Sul nos próximos dois anos, oferecida a partir de um data center em São Paulo.
“Machine learning não é só uma coisa do futuro, isso está acontecendo agora e nossos clientes estão mais do que empolgados em reinventar a experiência do consumidor na prática”, ressalta Swami Sivasubramanian, VP de machine learning services na AWS, que também participou da conversa.
A iFood, única sul americana com destaque na abertura do AWS Summit, está há nove anos no mercado. Com origem brasileira e presença no México e Colômbia, a empresa entrega mais de 39 milhões de pedidos todos os meses em mais de mil cidades.
São 150 mil entregadores cadastrados na ferramenta, além de mais de 230 mil restaurantes.
A companhia conta com o investimento da Movile, líder global em marketplaces móveis, e da Just Eat, uma das maiores empresas de pedidos on-line do mundo.