
O que Steve Jobs diria sobre isso? Foto: divulgação.
A Apple anunciou uma agressiva e importante medida para impulsionar seus dispositivos no mercado corporativo, firmando uma parceria com a IBM, de olho na criação de aparelhos totalmente adaptados para os ambientes empresariais.
O anúncio foi feito nesta terça-feira, 15, pelas duas companhias, e terá como objetivo a criação de aplicações dedicadas de segurança e desempenho de iPads e iPhones para ambientes corporativos.
Pelo acordo, a IBM proverá serviços na nuvem como gerenciamento de dispositivos e segurança, que serão embarcados nos aparelhos da Apple, que assumirá o desafio de vender equipamentos e aplicações para outras empresas.
Unidas pela crescente consumerização no mercado de dispositivos, as ex-rivais no segmento de PCs agora unem forças para reformatar sua presença junto às empresas, segundo destaca o Financial Times.
Embora os tempos sejam outros, uma aliança entre Apple e IBM hoje em dia é curiosa, ainda mais levando em conta o histórico de rivalidade entre as duas organizações.
Nos anos 80, ao lançcar o Macintosh, a Apple declarou abertamente guerra à hegemonia da IBM no mercado de PCs, com direito a um famoso anúncio comparando a Big Blue ao Grande Irmão da distopia futurista 1984.
Hoje o cenário mudou: o mercado de PCs está em declínio, a IBM vendeu sua divisão de computadores pessoais para a Lenovo em 2005, e a Apple, mesmo que ainda fabrique desktops, está cada vez mais focada nos produtos de mobilidade.
“Em 1984, éramos competidores. Em 2014, eu não acredito que é possível encontrar duas companhias mais complementares”, disse o presidente da Apple, Tim Cook, que por sua vez é um ex-funcionário da IBM.
Para ambas as empresas, o acordo tem suas vantagens. Enquanto a Apple usa o respaldo da IBM junto ao mercado corporativo, a Big Blue aproveita a popularidade dos dispositivos Apple para ser mais atrativa do ponto de vista comercial.
Para analistas como Frank Gillett, da Forrester Research, a Apple sentiu a necessidade de intensificar a presença neste mercado, já que muitos executivos estavam levando seus aparelhos para o ambiente de trabalho.
"A Apple foi arrastada para dentro do corporativo por pessoas que querem a mesma conveniência móvel de suas vidas particulares dentro do trabalho, mas resistiu até então por medo de perder seu foco no alto nível de experiência de usuário", destacou Gillett.
A IBM terá o trabalho de levar para o ambiente iOS aplicações como analytics e outras ferramentas corporativas, que serão adaptadas aos dispositivos móveis da empresa de Cupertino. No entanto, mais detalhes sobre a parceria não foram revelados.
"Dada a força da marca IBM, esta parceria dá credibilidade e capacidades corporativas para a Apple em uma única tacada, e dá à IBM uma vantagem poderosa na corrida pela liderança no mercado de mobilidade corporativa", avalia Gillett.
Com a novidade, quem se preocupa são empresas como Microsoft, Blackberry, Google e Samsung, que acenaram timidamente para atacar o segmento empresarial, mas ficaram na poeira após a parceria de duas gigantes como IBM e Apple.
A Samsung e Google ensaiaram no ano ado uma parceria para conquistar as empresas, casando o Samsung Galaxy IV com a aplicação Knox, voltada especificamente para ambiente corporativo, mas ficou aquém das expectativas.
A Blackberry, por sua vez, tentou reconquistar o trono de líder de mobilidade empresarial com o Blackberry 10, lançado no início de 2013, juntamente com novos aparelhos. Apesar de uma tímida reação em seu início, o sistema acabou afundando e a empresa foi junto, trocando inclusive de presidente no final do ano ado.
Já a Microsoft, que tinha a faca (Windows) e o queijo na mão (Windows Phone), está correndo atrás das chances perdidas. O Windows ainda é líder no mercado de PCs corporativos, mas o sistema móvel está em um distante terceiro lugar, atrás da iOS e Android. Além disso, a dona do Windows tem a Nokia para a produção de dispositivos.
Entretanto, o CEO da Microsoft Satya Nadella está atento às oportunidades. Em anúncio feito na semana ada, o presidente reforçou o foco da empresa em serviços e mobilidade, um possível ensaio para uma investida em mobilidade para empresas.
No caso da parceria entre a Apple e IBM, analistas acreditam que o impacto é imediato, o que pode abrir portas inéditas para a empresa fundada por Steve Jobs.
"É um prazer nos unirmos à Apple, cujas inovações transformaram nossas vidas de forma que hoje não sabemos viver sem elas. Queremos trazer esse mesmo tipo de inovação para a forma em que as pessoas trabalham, nas operações e desempenho das empresas", destacou Virginia Rometty, chefe executiva da IBM.