GDC da Dell solta o verbo 5c3e51

“Com mais 100 centros do porte do que temos aqui instalados no país, estaríamos bem mais perto de cumprir a famosa meta dos R$ 2 bilhões de exportação de TI”.
18 de abril de 2006 - 17:00
GDC da Dell solta o verbo
“Com mais 100 centros do porte do que temos aqui instalados no país, estaríamos bem mais perto de cumprir a famosa meta dos R$ 2 bilhões de exportação de TI”. A afirmação é do diretor do Centro de Desenvolvimento de Softwares da Dell no Brasil, Jairo Avritchir, e foi feita durante uma coletiva de imprensa nesta terça-feira, 18, na qual o empreendimento - conhecido pela sigla em inglês, GDC - localizado no Tecnopuc, em Porto Alegre, mostrou sua cara.

A primeira surpresa é o tamanho da operação: no Brasil, a multinacional americana tem mais colaboradores atuando na área de desenvolvimento de software do que dedicados à fabricação e venda de computadores. Eles são pouco mais da metade das mil pessoas que formam o staff brasileiro, entre contratados, terceirizados e estagiários.

Em Porto Alegre serão executados cerca de 20% dos mil projetos na área de software que a Dell tem planejados para 2006. A participação do centro gaúcho vem dobrando ano a ano desde a abertura em 1999. Existem outros três centros do gênero, dois na Índia e outro na Rússia.

Eles são responsáveis pelo funcionamento do ambiente de TI da fabricante, que desenvolve a imensa maioria das suas ferramentas de informática internamente. “Se um dos nossos sistemas de supply chain pára, as fábricas não montam nada, já que todos os micros são feitos sob encomenda”, destaca Avritchir, que agrega que a operação brasileira também desenvolveu integralmente a ferramenta de istração de RH usada pela Dell. Também foi feita aqui a reformulação do software dos call centers de missão crítica da companhia, que aumentou seus atendimentos diários de 300 para três mil.

Tendência Global
Grandes companhias estão realizando movimentos similares e trazendo parte de suas áreas de TI para o Brasil, destaca Avritchir. Entre os exemplos mais recentes, HSBC, Johnson & Johnson e Souza Cruz. “A tendência deve seguir. Em setembro, estivemos em Brasília junto com a Brasscom, mostrando as vantagens do país para bancos internacionais”, salienta o executivo.

Entre os diferenciais positivos estão o fuso horário ajustado aos Estados Unidos e a presença de profissionais de TI com experiência de negócio – a maior parte das megacorporações listadas no ranking Fortune 500 tem sede no Brasil, coisa que não acontece na Índia, por exemplo.

No entanto, há pedras no caminho. Aos já conhecidos problemas da carga tributária, legislação trabalhista complexa e escasso domínio de inglês – 50% dos candidatos a vaga na Dell não am num exame do idioma – soma-se a falta de incentivos do governo. “Só há política de atração de investimentos industriais. O setor de serviços de software, que move no mundo R$ 30 bilhões por ano está sendo ignorado”, aponta Avritchir.

O gerente do GDC da Dell propõe a concessão de isenção de IR para exportações dentro das companhias e de incentivos de infraestrutura para quem decidir vir ao Brasil.

Mão-de-obra já é problema
Menção à parte merece a questão da mão-de-obra. “É difícil entrar alguém aqui que já não estivesse empregado antes”, confessa Avritchir, que afirma que também perde profissionais para outras organizações. “É um problema geral, que pode acabar determinando que o Brasil dê um vôo de galinha na área de TI”, analisa o diretor. Além do déficit de profissionais – estimado em 15 mil postos pela Softex – preocupa também a diminuição do número de candidatos por vaga nos vestibulares para cursos de tecnologia.