
A chegada do Wii foi uma revolução na pesquisa da UPF. Foto: flickr.com/photos/caspermyers.
Game é coisa de moleque.
Se você é um dos muitos adeptos desta idéia, saiba que um projeto realizado na Universidade de o Fundo (UPF) vem colocando pessoas acima dos 60 anos para jogar e se movimentar, com benefícios à saúde, por meio do Kinect e Playstation Move.
Conduzido pelo Programa de Pós Graduação em Envelhecimento da UPF, o projeto emprega a tecnologia de controles de movimento dos videogames Wii, Playstation 3 e Xbox 360 para estudar os benefícios que podem trazer à saúde dos idosos.
Segundo o professor Adriano Pasqualozzi, foi analisado o efeito dos jogos como fisioterapia e também como exercício físico, com resultados animadores.
Cerca de 150 pessoas, integrantes de grupos de 3ª idade e clubes locais de o Fundo, já participaram da pesquisa.
"Diferentemente dos exercícios tradicionais, o impacto das atividades físicas no ambiente virtual é mínimo, mas ainda assim com melhoria da força muscular e condicionamento físico", explica.
Wii SALVADOR
O experimento com exercícios em ambiente virtual é uma pesquisa antiga de Pasqualozzi.
No entanto, somente com a chegada do Wii, em 2006, é que os resultados começaram a ser mais satisfatórios.
"O uso do movimento no ambiente virtual está mais simples e preciso. Há cerca de dez anos, quando começamos a pesquisa, a dificuldade era ensinar às pessoas mais velhas como dominar ferramentas que ainda eram complicadas", conta o professor.
Segundo o professor, ferramentas como o Kinect possibilitam um comando quase que instantâneo, o que facilita a aprendizagem.
"Quando se exige o movimento para um lado, basta mexer o braço ou o corpo na direção desejada. É muito mais natural", exemplifica.
JOGOS
Games de dança, esporte, controle de precisão e pensamento rápido através dos movimentos. Usando os jogos de videogame, também foram percebidas melhorias dos pacientes no lado cognitivo, com reflexos e memória mais apurados.
Segundo o professor da UPF, um exemplo de jogo é um que exige dos participantes que usem os braços como ponteiros de um relógio e respondam rápidamente perguntas referentes a datas e horários.
"Pessoas de mais idade tem um desenvolvimento cognitivo cristalizado, o que dificulta a assimilação de novas tecnologias. No entanto, o uso destas plataformas eletrônicas obteve uma adaptação positiva na maioria dos participantes", observa Pasqualotti.
APLICAÇÕES
Embora o programa seja focado na área da saúde, o setor de tecnologia da UPF também se interessou pela iniciativa.
Alunos do curso de Ciência da Computação estão desenvolvendo aplicações e jogos específicos para a terceira idade, usando controle de movimento.
A iniciativa também avança em outros usos para a realidade virtual e videogames. Para Pasqualotti, o uso de câmeras e softwares de captura de movimentos podem ser fundamentais para o acompanhamento da saúde no futuro.
"Os estudos na área de biomecânica, definindo padrões para a fragilidade e as perdas que o corpo humano sofre ao longo dos anos, ainda é um terreno com muito a ser percorrido pela tecnologia atual", explica.
Uma das tecnologias que apontam nesta nova direção é o LeapMotion, uma das novas aquisições da UPF. Segundo Pasqualotti, o sistema permite a captura dos movimentos da mão com grande detalhe, como uma touchscreen à distância.
"Podemos usar essa tecnologia para melhorar a comunicação com pessoas com deficiências de fala, por exemplo", explica o professor.