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CIOs e diretores do poder público debateram a nuvem. Foto: Baguete Diário
A falta de uma legislação tem travado a adoção de cloud computing nos órgãos públicos.
Essa é a opinião de representantes da prefeitura porto-alegrense e do governo do estado e do judiciário gaúchos que participaram nessa quinta-feira, 14, de um sobre a tecnologia promovido pela Assespro-RS.
Participaram Ademir Picolli (TJ-RS), Lino Kieling (Procergs), Jorge Krug (Banrisul), Luís Niedersberg (CEEE) e Zilmino Tartari (Procempa), além de um executivo da Microsoft.
VAI PRA ONDE?
Um dos pontos discutidos foram regras quanto à localização geográfica dos dados.
“Hoje, o que eu sei é que se eu exijo um data center no Brasil, o mercado vai dizer que é mais caro aqui e mais barato lá fora. E como eu vou justificar isso depois, caso sofra alguma auditoria quanto aos custos”, disse Niedersberg, CIO da CEEE.
Normas que definissem esse tipo de regra para o setor público, diz Niedersberg, já seriam de ajuda, e poderiam acelerar a adoção desse tipo de tecnologia no meio.
Ao mesmo tempo, Raimundo Costa, diretor da Microsoft Brasil, parceira na promoção do evento, realizado na PUCRS, indica que geralmente cabe ao provedor de serviços determinar onde ficam os dados, a fim de garantir o acordado no SLA.
“É difícil garantir disponibilidade e níveis de serviço sem essa flexibilidade”, opina o executivo.
LEGISLAR É PRECISO
Costa é parte de um grupo seleto dentro da multinacional. No mundo, são apenas 30 Diretores Nacionais de Tecnologia para o Setor Público, cargo que ocupa na Microsoft Brasil.
Na opinião de Costa, o Brasil precisa definir logo o seu rumo para adoção da nuvem.
“A Argentina tem criado padrões elevados, para mostrar para o mercado que quem se instalar lá terá segurança. Já outros grupos, como acomunicade europeia, buscam regras simples e amigáveis, também como estratégia mercadológica”, exemplificou o executivo.
De concreto, disse, o Brasil conta hoje com entidades como o Gabinete de Segurança da Informação (GSI), que dita normas para o uso de cloud.
POR ENQUANTO, REGRAS
As regras se resumem a diretrizes gerais – como gestão de riscos e continuidade de negócios –, contratação e diretrizes de implementação e adoção de nuvem pública. Nada disso é uma lei, mas é um começo.
“Inclusive, a exigência de prioridade à legislação brasileira é um indicativo de que, no futuro, órgãos públicos talvez possam usar serviços de cloud com data centers fora do país”, opina Costa.
Enquanto uma regra não vem, cada instância da istração pública faz o que pode.
ESTATAIS, SÓ NA INFOVIA
Lino Kieling, diretor técnico da Procergs, disse que o Rio Grande do Sul está se preparando para uma grande estrutura pública de nuvem, a começar pelo projeto da Infovia, que pretende conectar todas as instâncias do executivo estadual no interior gaúcho.
Iniciado no final do ano ado, o projeto já está com a primeira etapa completa, conectando a capital até Bagé, ando pelas principais cidades da zona Sul.
“Também vamos investir na nossa estrutura de data center, que já está completando 40 anos, e precisa de modernização constante”, adianta Kieling, sem dar mais detalhes.
Na esfera municipal, disse o diretor técnico da Procempa, Zilmino Tartari, projetos de e-mail em cloud privada já renderam economias de US$ 700 mil anuais, que eram pagos por 12 mil licenças de usuários.
Além disso, o projeto da Infovia municipal já chega a todas as unidades da prefeitura em Porto Alegre.
“Estamos assumindo todos os ativos de TI do município, o que nos dá mais segurança e a capacidade de modernizar a istração”, finalizou Tartari.
CEEE E BANRISUL COM PÉ ATRÁS
Na CEEE, houve uma tentativa de migrar todo o e-mail para um serviço comercial, mas as respostas obtidas no mercado não foram satisfatórias.
“Nem Microsoft nem Google conseguirem nos apresentar garantias e custo-benefício necessários”, disse o CIO da CEEE.
O que está em andamento é uma solução no modelo cloud para o departamento jurídico da empresa, com três anos de contrato de serviço e a possibilidade de internalizar o projeto no terceiro ano.
Já o Banrisul, por enquanto fica só na virtualização e no reforço da segurança de perímetro das aplicações do banco.
Nos dois casos, o argumento para tamanha precaução é o mesmo: são serviços críticos.
“Se dá um problema numa solução minha, é todo o estado no escuro”, diz Niedersberg.
“E nós lidamos com informações extremamente confidenciais dos nossos clientes, sem falar na legislação bancária”, acrescenta Jorge Krug, superintendente de segurança de TI do Banrisul.
NADA NA JUSTIÇA?
No caso do TJ-RS, representado pelo assessor da presidência Ademir Picolli, as iniciativas se limitam à virtualização dos documentos no judiciário.
"Praticamente não temos nada que envolva cloud", brincou Picolli.
Segundo o advogado, existe um projeto de cloud privada do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que deve unificar o armazenamento de processos das instâncias do judiciário. Mas nada para o curto prazo.
Enquanto isso, a espera pela lei segue.
“Temos um processo legislativo muito lento. Depois de cinco anos, só agora foi aprovada a lei sobre documentos digitais, que ainda tem que ar por sanção presidencial”, lamenta Krug, do Banrisul.