
Doria levou um corte de empresários na Exame. Foto: @Jdoriajr
Os empresários de São Paulo estão começando a cansar do novo prefeito, João Doria, e da sua busca por doações e contribuições “espontâneas” para projetos da prefeitura paulistana.
Pelo menos, é o que deixa transparecer uma matéria a Exame, que afirma ter falado com presidentes de cinco grandes empresas de tecnologia, seguros e construção, todos os quais teriam dito estar incomodados.
Logicamente, esses empresários falaram com a revista de negócios sob condição de anonimato. Eles afirmaram que tem buscado adiar a presença em reuniões com Doria o máximo possível.
A revista encontrou evidência do cansaço do empresariado com o “prefeito gestor” em um evento coberto pela revista, na qual o repórter notou que os empresários presentes disputavam a última fileira de cadeiras do salão, aparentemente para ficar “longe do radar da equipe do prefeito”.
Os empresários teriam dito ainda que os pedidos ocorrem sem que tenham tempo de avaliar em que projeto exatamente estão se envolvendo.
Procurada, a prefeitura de São Paulo diz que convida as empresas a participar dos processos de doação cumprindo os prazos legais e que conta com o espírito cidadão das companhias, “que entendem que uma cidade melhor as beneficiará”.
As grandes empresas de tecnologia, no entanto, tem ado relativamente despercebidas pelo radar de Doria (ou são melhores em adiar reuniões e conseguir lugares na última fila).
De todas as multinacionais e grandes empresas baseadas em São Paulo, só SAP e IBM anunciaram algum tipo de parceria com a prefeitura, ambas com iniciativas sólidas e que não fogem da sua pauta normal de responsabilidade social.
A SAP foi a primeira. No começo de setembro, a empresa anunciou um programa de capacitação voltado para estudantes da rede pública da capital paulista, envolvendo nove secretarias do governo, além da Junior Achievement.
A iniciativa vai capacitar 400 jovens com idade entre 16 e 25 anos. O currículo será dividido entre aprendizado técnico, voltado para a plataforma SAP Build, e preparação para o mercado de trabalho, com lições de design thinking e comunicação.
Já a IBM anunciou no começo de outubro incentivos para apoiar até 300 startups selecionadas para resolver problemas atuais do sistema de saúde da cidade.
As empresas terão créditos em serviços da própria Big Blue e farão parte de um programa global de empreendedorismo já existente.
Além de não saírem muito do que habitualmente fazem, SAP e IBM tiveram um bom timing no lançamento das iniciativas, divulgadas antes da empolgação em torno da campanha presidencial de Doria começar a dar sinais de enfraquecimento.
A SAP, inclusive, o fez durante o SAP Forum, seu grande evento nacional para parceiros e clientes.
O problema é o público está respondendo mal à estratégia de super exposição de Doria, na qual as parcerias com empresas jogam um papel importante, junto com um uso inteligente de mídias sociais e uma agenda lotada de viagens.
Uma pesquisa do Datafolha divulgada recentemente apontou uma queda em sua aprovação (de 44% em fevereiro deste ano para 32%) e um aumento no número de eleitores que rejeitam sua gestão (de 13% para 26%).
De acordo com reportagem do jornal O Estado de São Paulo, oito de nove serviços de zeladoria da cidade feitos pela prefeitura, como varrição de rua e reparos nas calçadas, tiveram queda entre janeiro e agosto, comparado com o mesmo período do ano ado.