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Bruno Latchague.
A Dassault Systemes, gigante sa de software de projeto 3D e gestão de ciclo de vida de produto (CAD e PLM, nas siglas em inglês) quer deixar de ser vista como uma provedora de produto para ser uma fornecedora de soluções, dentro de um viés mais consultivo.
O reposicionamento, em curso nos últimos anos, envolve modificações técnicas na maneira como os softwares interoperam até alterações no modelo comercial, em mudanças que já estão impactando a presença da companhia no Brasil.
Uma alteração tecnológica importante é o fato que, a partir da próxima versão da plataforma 3D Experience, que reúne os softwares de CAD, PLM e outras especialidades da empresa, será possível trabalhar com arquivos criados por soluções de projeto mais antigas da Dassault, além de produtos de concorrentes.
Assim, as empresas poderão trabalhar na plataforma com arquivos criados pelo software Catia na versão 5, além de produtos de concorrentes como Siemens, PTC e Autodesk.
Assim, a Dassault Systemes perde um pouco de força para promover migrações ou upgrades dos softwares de CAD, ao mesmo tempo em que facilita adoção dos demais softwares que formam o “pacote” focado em toda a vida do produto, constantemente incrementado por aquisições.
As funcionalidades incluem criação de produtos, simulação, desenho de linhas de produção até o desenho dos pontos de venda e operações de marketing.
“Queremos mostrar ao C level que as possibilidades de ganho de produtividade estão em melhorar a criação e o uso dos produtos da empresa, não em gerir cada vez melhor o negócio”, explica Bruno Latchague, vice-presidente executivo sênior da Dassault Systèmes, em conversa exclusiva com a reportagem do Baguete Diário.
O executivo francês cita como exemplo a Tesla, fabricante de carros elétricos americanas que tem causado barulho no mercado americano a partir de uma abordagem que mistura um produto inédito com um modelo de vendas único.
De acordo com Latchague, essa organização das empresas em torno dos seus produtos (ou, na linguagem do marketing da Dassault, ao redor da experiência de uso do produto) coloca a companhia em rota de colisão com gigantes como a SAP e outros players de sistemas de gestão empresarial.
“A Tesla faz melhor o seu carro, ao invés de competir fazendo melhor o que todas as empresas do setor fazem igual”, aponta o vice-presidente executivo sênior da Dassault Systèmes.
O posicionamento como um vendedor de soluções, a meta de atrair o interesse dos altos gestores das empresas e a diversidade crescente do porfólio de soluções impõem para a Dassault a criação de um ecossistema de parceiros, muito nos moldes do que os “novos concorrentes” como a SAP já fizeram no ado.
Isso já está em curso, com reflexos no Brasil. Nos últimos tempos, a área de vendas diretas da Dassault no país repercutiu por aqui acordos com grandes integradores de sistemas como EY, Accenture, Everis, Wipro e Infosys. A área de vendas indiretas foi reforçada com um acordo com a Sysprice, empresa da YKP.
Todos esses players atuam em projetos SAP, o que reforça o discurso de Latchague que a Dassault se prepara para entrar em outro mercado, atraindo novos parceiros.
“Cada vez há menos grandes projetos de ERP para esse tipo de parceiro. Eles estão em busca de novas abordagens e nós oferecemos uma”, conclui o executivo francês.
O faturamento total da Dassault Systèmes em 2014 foi de € 2,2 bilhões, um valor 14% maior do que o registrado no ano anterior. Em 2015, o objetivo da empresa é ter uma alta de aproximadamente 12% no faturamento.
A SAP, embora enfrentando um momento de transição para a nuvem, é um adversário de peso. A empresa cresceu 7% no ano ado, chegando a €14,87 bilhões.