
O sistema funciona também na área de TI. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
O governo federal gastou R$ 4,8 bilhões em TI no ano ado, dos quais R$ 3 bilhões (62,5%) foram parar sem licitação na mão de uma constelação de empresas sediadas em Brasília, uma parte delas de fachada.
É o que aponta uma extensa matéria do O Globo desta quarta-feira, 08. O jornal carioca varreu o sistema de compras do governo, com auxílio da Associação Contas Abertas, e ou dois meses conferindo endereços.
Ao todo, foram localizados 70 endereços de empresas que só existiam no papel. O jornal não chega a dizer quantas empresas compunham o grupo inicial.
Um exemplo típico de empresa de fachada é a PVT, sediada em um escritório virtual e comandada por um dentista.
Ela já faturou R$ 15,3 milhões em contratos desde 2009, dos quais R$ 2,3 milhões são serviços técnicos de manutenção e treinamento, um feito e tanto uma vez que a empresa não tem funcionários, segundo itiu o dono.
Outra delas, a AL2, tem um contrato de R$ 1 milhão para manutenção de um software livre usado pelo Serpro.
O endereço é o mesmo da residência do dono, que foi franco com a reportagem do Globo:
"A corrupção no setor de TI é escancarada e sistêmica. Cada órgão tem um cacique que toma conta dos contratos de TI", resumiu o “empresário”.
De acordo com o Globo, existe um "varejo de corrupção em parte do setor de TI na máquina federal", nos quais setores de informática dos ministérios são visados por políticos da base, aproveitando do fator "caixa preta" para contratos sem licitação.
Há dois meses, o jornal carioca já havia revelado que o INSS comprou R$ 8,8 milhões em software de uma empresa sediada em loja de vinhos, à revelia de relatórios que apontavam para a inutilidade do sistema.
De acordo com o secretário-geral da Associação Contas Abertas, Gil Castello Branco, Serpro e Dataprev não conseguem ser competitivas em auxiliar o governo em nenhuma tarefa relevante.
Os diferentes ministérios ouvidos pelo Globo responderam de maneira parecida, alegando que as grandes multinacionais de TI trabalham através de distribuidores, forçando compras indiretas.
Isso é verdadeiro, mas não explica como tantos contratos podem ir para intermediários de tamanho ínfimo, quando existem companhias de porte capazes de fazer as vendas.
Brasília tem 1.105 empresas de informática, duas vezes mais que o estado de São Paulo, o motor do PIB nacional, e 12 vezes mais que Santa Catarina, estado líder quando o assunto é empresas de tecnologia.