Data center da AWS no RJ ainda não saiu 686r25

A AWS parece estar se amarrando um pouco com seus planos de criação de uma segunda zona de nuvem no Brasil, com a construção de um novo data center no Rio de Janeiro.

A gigante americana de nuvem divulgou “planos” nesse sentido em fevereiro de 2022, sem revelar na época quando a nova zona estaria disponível (ou qualquer outro detalhe relevante).

Pois agora, mais de um ano depois, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), esteve numa reunião com altos executivos da AWS e pelo visto tudo segue ainda na fase de planos. 

Castro participou de uma reunião com executivos da AWS em Londres nesta terça-feira, 18, e o governo carioca diligentemente soltou uma nota informando que a gigante de nuvem “criará” uma nova zona local no Rio de Janeiro, citando um executivo da empresa.

“As políticas públicas do governo têm nos atraído para investir no Rio de Janeiro. Já atuamos no estado, mas estamos ampliando os negócios e criando um data center”, afirma na nota o gerente regional de Negócios para Setor Público da Amazon Web Service, Rafael Bittencourt.

Assim, com a sua nota divulgando a construção de um data center da AWS no Rio de Janeiro, o governo carioca acaba permitindo a um observador mais informado concluir que na verdade o projeto está andando em marcha lenta.

(Claro que não é possível cravar isso com 100% de certeza, porque a AWS não divulgou prazos para começo ou fim da obra em fevereiro de 2022, assim como o governo carioca também não o fez em abril de 2023).

Isso pode parecer estranho, mas só para quem não conhece como funciona o lado de comunicação de uma viagem como a de Castro, assim como a interação entre governos e grandes empresas como a AWS. 

Todo político busca apresentar conquistas numa viagem para o exterior, e se ele precisa requentar um pouco um assunto antigo para atingir esse objetivo, tudo bem. 

Castro colocou a vinda da AWS inclusive num contexto mais amplo de avanços do Rio de Janeiro na área de tecnologia, o que faz todo sentido para ele.

“A AWS possui clientes em todo o mundo, incluindo órgãos governamentais, e ter a presença da empresa no nosso estado nos trará mais segurança digital.  A meta é tornar o Rio o estado mais tecnológico do país, 100% digital”, afirma Castro. 

Outro fator importante é que um governo não pede autorização para fazer divulgações, revelando muitas vezes inclusive detalhes que as próprias empresas não abrem diretamente, como investimentos totais, funcionários, etc.

Em fevereiro de 2020, por exemplo, o governo paulista divulgou um investimento de R$ 1 bilhão da AWS nos dois anos seguintes na infraestrutura em nuvem na América do Sul, o tipo de coisa que a empresa raramente abre. 

A nota também saiu depois de uma reunião, o que mostra que, para um político em busca de promoção, as estratégias de uma grande multinacional não são lá a primeira preocupação. 

A AWS abriu o seu primeiro data center no Brasil em 2011, em São Paulo, o local típico para uma estrutura desse tipo. A decisão de divulgar "planos" de abertura no Rio, sem dar nenhum prazo, foi algo curioso.

Talvez a intenção da AWS fosse dar uma resposta ao fato da Microsoft, uma de suas maiores concorrentes, ter anunciado uma zona de nuvem no Rio em outubro de 2020.

Com uma zona local, os clientes podem processar mais rapidamente algumas aplicações que demandam maior latência, enquanto o resto fica dentro da mesma região.

É o caso de coisas como jogos remotos em tempo real, criação de conteúdos multimídia e de entretenimento, streaming de vídeo ao vivo, simulações de engenharia, realidade aumentada e virtual, inferência de machine learning no edge, e muito mais.