
Werner Vogels, vice-presidente e CTO da Amazon. Foto: Divulgação.
Werner Vogels, vice-presidente e CTO da Amazon, não acredita em vantagens com o cenário multicloud, que parece ser a aposta de muitas empresas para atuar no mercado de nuvem.
"Clientes que utilizam múltiplas nuvens precisam basicamente duplicar todos os seus recursos de engenharia. Ao utilizar as mesmas aplicações em diferentes nuvens, você utiliza a nuvem como um data center, o que significa que você sai perdendo. Você perde capacidades de segurança, IoT e outros recursos", relata o executivo, que foi o principal nome do AWS Summit, realizado em São Paulo nesta quinta-feira, 27.
A disputa cada vez mais seleta entre os grandes players de nuvem, como AWS, Microsoft e Google, fez uma parte importante do mercado se reorganizar em torno dos conceitos de "cloud broker" e "multicloud".
Desde grandes empresas, como a IBM, até players mais regionais, como o UOL Diveo, buscam se posicionar como intermediários e articuladores de diferentes nuvens, públicas e privadas, além da infraestrutura própria dos clientes.
O discurso é que nenhuma das grandes nuvens pode atender plenamente as necessidades dos clientes e que é necessário combinar o melhor de cada uma.
Vogels, apesar disso, garante que a realidade dos problemas das empresas hoje são melhor atendidas por um fornecedor único (provavelmente, a AWS, líder absoluta na área de nuvem pública).
"A maior parte de nossos clientes chega a considerar a adoção multicloud, mas no final, trabalha somente com AWS. Um dos motivos é que o custo de engenharia seria muito alto", reforça.
Ele afirma que conhece casos em que há mais de um fornecedor pela necessidade de algum recurso muito específico oferecido por outra companhia.
"Isso acontece com capacidades únicas que podem talvez ser encontradas em outro fornecedor, mas utilizam apenas o necessário, seguindo com as aplicações rodando somente na AWS", explica.
No entanto, a realidade do mercado local pode ser mais complexa do que o cenário descrito pelo CTO.
A Natura, uma das empresas convidadas pela AWS para apresentar seus projetos de tecnologia no Summit, conta com quatro fornecedores de nuvem diferentes, sendo a AWS o principal deles.
Fatos como esse fazem com que o resultado da visão da companhia no mercado brasileiro seja difícil de avaliar, uma vez que a operação dos americanos no país é cercada de algum mistério.
A empresa instalou seu primeiro data center na América do Sul, em São Paulo, há cinco anos, mas mantém um perfil discreto, revelando pouco sobre investimentos, acordos com revendas ou contratações de executivos.
No evento desta quinta-feira, do qual participam jornalistas de todo o país, os executivos brasileiros não deram detalhes sobre o desenvolvimento da operação local.
Cleber Morais, country manager da Amazon Web Services no Brasil, não abre números locais, mas destaca que a empresa segue investindo no país desde o início da atuação local.
"A empresa aposta no Brasil desde 2011, com a decisão de tornar o país uma região com três availability zones, e isso continua. A empresa segue crescendo em termos de equipe e em e aos clientes, então é um mercado importante, que está sempre trazendo clientes novos, como o Nubank, que rapidamente se transformou numa das maiores fintechs da América Latina, e a Yellow, que montou sua plataforma na AWS em cinco meses", relata.
O executivo foi contratado pela empresa em julho do ano ado, após atuar em posições como CEO da Bematech e presidente da Schneider Electric no Brasil.
*Júia Merker cobriu o AWS Summit, em São Paulo, a convite da AWS.