
Alexandre Blauth, executive partner para a região Sul do Gartner.
CIOs convencidos a respeito da estabilidade da sua posição dentro das empresas podem na verdade estarem apenas surdos a respeito da formação de uma “crise silenciosa” derivada da mudança das forças que movem o mundo da tecnologia, da expectativas das organizações e do novo entendimento que alguns profissionais estão promovendo da profissão de gestor de TI.
O cenário foi traçado por Alexandre Blauth, executive partner para a região Sul do Gartner, que esteve falando no Seminário Executivo Sucesu-RS de 2013, em Gramado, nesta sexta-feira, 04.
De acordo com o Blauth, o cenário de TI que garante a estabilidade dos sistemas corporativos sustentado por redes e dados 100% controladas pelas organizações, rodando sobre sistemas em grande parte da Microsoft nos desktops dos colaboradores está condenado.
O domínio do Windows está longe de se repetir em tablets e smarphones. As previsões de participações de mercado em torno de 20% em 2016, o que muitos podem considerar até otimista.
Ao mesmo tempo, a força da tendência do BYOD – 70% de adoção até 2016 entre as empresas - fará que seja impossível impor plataformas uniformes.
“Os CIOs podem ser surpreendidos por uma demanda repentina por aplicações móveis e na nuvem de alta diretoria. É uma expectativa totalmente diferente”, assinalou Blauth, que tem experiência do outro lado do balcão, tendo sido CIO da RBS até fevereiro desde ano.
Para o gestor de TI, ser um agente ivo pressionado por entregar novidades tecnológicas é uma péssima situação.
Só 17% dos membros dos boards tem experiência prévia em tecnologia, situação que gera escassa compreensão pelas reticências em relação a esse novo estilo de TI expresso pelos CIOs.
De fato, indicadores do Gartner já apontam que as áreas de negócio já tem a impressão de estarem defasados tecnologicamente. Para 51%, a TI está entregando menos da metade do potencial que a tecnologia poderia aportar no negócio. Apenas 25% acreditam que essa cifra é superior a 50%.
“O negócio tem uma visão muito diferente da TI sobre segurança e privacidade. Para eles, se uma tecnologia apresenta redução de custos é o que conta”, afirma Eduardo Santa Helena, diretor de TI da Dana Albarus, que participou de um de CIOs debatendo a apresentação de Blauth.
Santa Helena, que é professor de uma disciplina de Segurança da Informação na Ulbra e é tido como uma das autoridades no assunto no Rio Grande do Sul, afirma que ele mesmo era “reticente” em relação a decisões como migrar o ERP da SAP da empresa para um ambiente hosteado nos Estados Unidos.
As dúvidas se dissiparam, aponta o diretor de TI, depois que um assessment feito por uma consultoria apontou o tamanho do investimento necessário para ter uma estrutura de segurança de primeira linha: mais do que o orçamento do departamento como um todo.
“No final das contas, os provedores de serviço tem condições de prestar um serviço mais seguro, por mais que os dados já não estejam totalmente nas mãos da empresa”, reconheceu Santa Helena.
Maurício Renner participou do Seminário Executivo Sucesu-RS de 2013 em Gramado à convite da Sucesu-RS.