Tamanho da fonte: -A+A f3m3k
Avelino Francisco Zorzo, diretor de educação da Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Foto: Divulgação.
Por Avelino Zorzo*
A sociedade está mudando, sempre mudou e continuará mudando. Entretanto, as mudanças estão cada vez mais rápidas; o que antes ocorria de uma geração para a próxima agora ocorre dentro de uma mesma geração. A Computação tem sido um dos vetores do aumento da velocidade destas mudanças e é uma área que permeia, atualmente, todas as demais áreas do conhecimento.
O impacto da Computação em outras áreas do conhecimento é cada vez maior e mais profundo. Problemas complexos de diferentes áreas da ciência estão agora sendo abordados com uma perspectiva computacional, uma vez que a Computação provê estratégias e artefatos para lidar com a complexidade, avançando na solução de problemas que há poucos anos não seriam possíveis.
Exemplos notórios podem ser encontrados na Biologia, no mapeamento do genoma humano, na identificação de variações de enzimas, na simulação da adaptação de seres vivos em diferentes ambientes. Na Saúde, a Computação atua no desenvolvimento de medicamentos, realização de cirurgias remotas e até mesmo na simulação de previsão de tempo de contaminação por uma doença em um determinado ambiente. Na Química, ela possibilita simular reações químicas sem a necessidade de expor pesquisadores a situações de risco de vida.
Os exemplos se estendem para outras áreas como Arquitetura, Agronomia, Direito, Economia, Educação, Engenharia, Física, ou Psicologia. Enfim é difícil encontrar uma área do conhecimento que não esteja sendo impactada e até transformada pela abordagem computacional.
A forma como a tecnologia está sendo utilizada pelas pessoas, ou mesmo a diminuição no tamanho e no preço dos equipamentos, nos permite levá-la para locais onde há poucos anos não era possível. Por exemplo, um telefone celular com uma câmera pode ser transformado em um microscópio para diagnosticar doenças em locais onde não existe uma infraestrutura médica adequada.
Carros e semáforos podem "falar" entre si, de forma a melhorar as condições de tráfego, ou para facilitar o deslocamento de uma ambulância até um acidente ou até o hospital. Se avançarmos mais uns 30 ou 40 anos, com o aumento do poder de processamento dos computadores poderemos ter um cenário cujos limites ainda não são conhecidos.
Para que este potencial de mudança se concretize é necessário formar cidadãos aptos não apenas a lidarem com a tecnologia como usuários, mas sim a conceberem e produzirem tecnologia. É neste ponto que o conhecimento em Computação a a ser o grande diferencial. As pessoas precisam resolver problemas de maneira flexível ou adaptável, estejam elas imaginando novas soluções, desenvolvendo novos equipamentos ou o software que irá ser utilizado nestes equipamentos. Elas precisam pensar além "do que é" para "o que poderia ser".
Neste sentido questiona-se: Quais habilidades os estudantes precisam para se preparar para este futuro? A resposta tem sido construída pela comunidade acadêmica de diversos países e uma destas habilidades converge para uma expressão denominada “Pensamento Computacional”. Pode-se rapidamente definir Pensamento Computacional como sendo “a combinação do pensamento crítico com os fundamentos da Computação, criando uma metodologia para resolver problemas”.
Muitas iniciativas de uso de Computação nas escolas já possuem elementos do Pensamento Computacional, entretanto o esforço da comunidade acadêmica da área possibilitou a construção de um vocabulário comum e um modelo para qualificar e direcionar os esforços dos professores e gestores educacionais. Enfim, é importante fomentar a aplicação do Pensamento Computacional na Educação Básica de forma a trilhar o caminho para promover a transformação da sociedade brasileira, assim como já está acontecendo em outros países.
*Avelino Francisco Zorzo é diretor de educação da Sociedade Brasileira de Computação (SBC).
Colaborou com este texto: André Raabe, vice-coordenador da Comissão de Informática na Educação da SBC.