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dos CIOs no seminário do PMI. Foto: William Martins FM Foto Equipe
Como entregar a redução de custos que as organizações estão pedindo e ao mesmo tempo conservar investimentos em inovação que farão a diferença ali adiante, quando a economia reaquecer?
O espinhoso problema foi o foco principal de um realizado nesta quinta-feira, 17, no 12º Seminário de Gerenciamento de Projetos do PMI, com as participações de José Antônio Leal (Gerdau), Roberto Nascimento (Randon), Eduardo Santa Helena (Dana) e Rafael Kuhn (Terra).
No debate, que contou com a condução de Inácio Fritsch (ex-Gerdau, hoje Fritsch Consulting) prevaleceu uma fórmula comum ao redor das seguintes linhas: cortar custos na operação cotidiana de TI, mudar a relação com os fornecedores e com as áreas de negócio da empresa.
Quando o assunto é enxugar custos, a resposta tem sido tercerizações e migração para a nuvem.
A empresa mais avançada nesse sentido parece ser a Randon, que tem boa parte seu custo de manutenção da operação da TI rodando na mão de fornecedores.
A Tivit fornece computação em nuvem e a manutenção do sistema SAP é feita pela paranaense Pelissari. Recentemente, a companhia negociou com a multinacional a substituição em seu contrato de módulos não usados do sistema de gestão pelo banco de dados em memória Hana.
“Todas essas mudanças derrubaram o custo de manutenção da TI em 35%. Nós fazemos um acompanhamento mensal do status e do custo de todos os projetos”, garante Nascimento.
Corte nos custos dos legados também pode ser parte da resposta da Dana, que no momento está conduzindo um “estudo forte” sobre migração para computação em nuvem como uma maneira de preservar orçamento para outras iniciativas.
“Temos garantido o orçamento para alguns projetos inovadores. Onde a TI é uma comoditie e não traz valor, vamos tentar reduzir custos”, explicou Santa Helena.
O executivo de TI da Dana dirige um time enxuto (16 pessoas) focado em prover serviços de TI para 2 mil usuários e três fábricas no país, além de manter um ERP desenvolvido internamente.
A Gerdau está no momento na fase final de outro projeto de nuvem, nesse caso, a implementação do Office 365, e também do seu planejamento estratégico.
A gestão de TI está aproveitando o momento para se aproximar dos stakeholders dentro da empresa e mostrar o que a área de tecnologia pode oferecer. A empresa também não pretende cortar projetos inovadores.
“A TI não pode ser vista como um prestador de serviços com o mesmo CNPJ do cliente, mas como parte da empresa”, afirma Leal, destacando que atualmente a área trabalha para aproximar os formadores de opinião internos de temas como Internet das Coisas, Digital Business e impressão 3D.
A importância de um relacionamento sólido com os fornecedores em um momento de crise foi apontado por todos os CIOs, mas foi Kuhn do Terra o que deu o depoimento mais aprofundado sobre o assunto.
Segundo o diretor executivo de Tecnologia do Terra, a empresa é o tipo de negócio altamente tecnológico e dependente de inovação que apresenta um desafio especial para os fornecedores - condições que muitos parecem não entender.
“Nós temos a prática de fazer reuniões para explicar nossas RFPs e chamar 10 fornecedores para cada uma”, revelou Kuhn, descrevendo o processo de compras de TI do Terra, que segue o processo da Telefônica nesse assunto. “Mesmo assim, às vezes aparecem só três”.
De acordo com o executivo, nas condições de customização de tecnologia no Terra, é difícil vencer um contrato com uma oferta out of the box, dificuldade que é agravada por um clima de investimento no qual as empresas tem que “fazer diferente com o mesmo orçamento”.
O depoimento dos quatro CIOs tem um peso especial porque as quatro empresas na qual eles trabalham estão ando por momentos complexos, já seja como uma consequência da recessão econômica ou reposicionamentos do modelo de negócio.
A Dana sentiu o impacto da queda de 17,5% nas vendas de veículos novos entre janeiro a abril e decidiu ainda em maio cortar 10% da carga horária e 5% nos salários de 1,3 mil funcionários.
A Randon, que depende do mercado de caminhões, já anunciou que espera uma queda de cerca de 15% sobre o faturamento obtido em 2014, um ano que já havia sido de desaceleração. Medidas como férias coletivas e redução nos dias trabalhados por mês já estão em curso há 12 meses.
A Gerdau, afetada pela desaceleração da construção e da indústria automobilística no Brasil e a queda mundial no mercado de aço, viu seu lucro líquido cair 39% no primeiro trimestre.
Assim como outras empresas do seu segmento, a empresa vem fazendo cortes. Segundo fontes ouvidas pelo Baguete, foram cortados 70 profissionais da TI da empresa.
As mudanças em curso no Terra não tem relação tão direta com o momento econômico, mas nem por isso são menos impactantes. Ao longo do último ano, a empresa mudou radicalmente seu posicionamento, diminuindo seu tamanho no negócio de portal e focando em serviços.
A empresa não abriu números oficiais, mas a informação que circula é de um corte neste ano de 150 pessoas na área editorial, de publicidade e de tecnologia, que sucedeu a outro do mesmo porte feito em 2014.