
O aeroporto de Congonhas teve 116 voos de partida e 117 de chegada cancelados no domingo (9). Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Após um avião de pequeno porte interditar a pista do aeroporto de Congonhas neste domingo, 9, o CEO da LATAM, Jerome Cadier, desabafou sobre o caso em uma publicação em seu LinkedIn.
O acidente, que aconteceu por volta das 13h30, interditou a pista por cerca de nove horas, com as operações sendo retomadas somente após a retirada da aeronave do local, às 22h18 do domingo.
Conforme o g1, Congonhas, que fecha durante a madrugada, ficou aberto até 1h, excepcionalmente.
Segundo Cadier, por causa do acidente, a LATAM teve mais de 180 voos cancelados, "atrapalhando a vida de quase 30 mil pessoas".
"Tivemos inclusive impacto na saída dos voos internacionais de Guarulhos (GRU MAD por exemplo foi cancelado porque a tripulação não chegou a tempo)", escreveu o CEO.
Em um levantamento feito pela Infraero e divulgado pelo Poder360, o aeroporto de Congonhas teve 116 voos de partida e 117 de chegada cancelados no domingo e outros 50 voos cancelados na segunda-feira (10), com 38 em atraso.
A revolta sobre o caso em uma publicação não é algo comum. Para Cadier, a situação foi de desespero: "Filas enormes, gente dormindo no chão, pessoas chorando e alguns brigando…um desespero!".
De acordo com o executivo, a LATAM abriu remarcações sem custo para os impactados pelo acidente, com tentativas de aviso para que não se deslocassem para o aeroporto no dia.
"Levamos equipe de outros aeroportos para atender aos ageiros. Levamos água já que não existia capacidade para alimentar a todos no aeroporto. Imaginem o prejuízo financeiro por este incidente, que não é da responsabilidade da LATAM", desabafa Cadier.
No final da postagem, o CEO ainda levanta uma questão que trouxe revolta nos comentários: "O que mais deve acontecer em Congonhas para que decidam não operar com aviação de pequeno porte em um aeroporto tão central para toda a malha aérea do país?".
O ponto é de comum apoio entre a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), que defendeu em uma nota a restrição de operações de aeronaves de baixa performance no Aeroporto de Congonhas.
A Abear recomenda que a medida seja adotada, "visto que os impactos causados por incidentes na pista principal de um aeroporto de grande porte impactam milhares de ageiros em todo o Brasil. A estimativa da Abear considera, ainda, prejuízos financeiros que ultraam milhões de reais."
Nem todo mundo concordou com a opinião de Cadier. Nos comentários, uma mulher com cerca de 15 anos de experiência como piloto da Varig chamou o comentário do CEO de "importuno".
"Jogue sua ira para as autoridades regulatórias que demoraram 9 horas para normalizar o aeródromo. Jogue sua ira no sistema que custou milhões e ainda não está autorizado a operar. E olhe pra dentro da sua empresa que tem problemas enormes em gestão de pessoas e crises", escreveu a mulher.
Conforme a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Congonhas é o segundo aeroporto com maior tráfego de ageiros e possui a rota mais movimentada do país, sendo a ponte-aérea com o Rio de Janeiro.
O ACIDENTE
Uma aeronave de pequeno porte teve seu pneu do trem traseiro estourado durante o pouso, causando problemas na aterrissagem e deslizando até a parte da grama do aeroporto.
O avião, que transportava dois tripulantes e três ageiros, estava com a documentação regular e pertence a uma empresa de Belo Horizonte. Ninguém ficou ferido.