
Migração dos emails está gerando constrangimento.
Uma organização com 400 mil funcionários ficar sem e-mail ter problemas nos seus emails não é tão dramático quando poderia parecer em um primeiro momento.
Pelo menos, é o recado que fica de uma mensagem enviada pelo CEO da IBM, Arvind Krishna, aos funcionários da gigante de tecnologia.
No seu vídeo mensal, comentado em detalhes pelo site britânico The , Krishna disse que a gigante só perdeu um negócio de US$ 10 mil em função dos problemas.
O CEO prometeu ainda que a situação seria totalmente corrigida em uma semana.
E qual é a situação? Bom, isso não é tão fácil de dizer. Os problemas de e-mail da IBM começaram a pipocar na mídia na quarta-feira, 30 de junho, uma semana atrás.
Na ocasião, funcionários já tinham ficado entre quatro a cinco dias sem o a e-mail, agenda ou reuniões. A IBM confirmou os problemas, mas não falou nada sobre a extensão ou origem dos mesmos.
Fontes internas ouvidas pelo The indicaram que a origem era uma migração dos servidores de e-mail da TCS, onde eles estão depois que a gigante indiana comprou uma série de produtos da IBM, incluindo o bom e velho Notes.
A IBM queria trazer os seus emails para dentro de casa, um projeto planejado por 18 meses que aparentemente deu errado. As fontes do The estimam entre 150 mil e 200 mil dos 400 mil funcionários da IBM no mundo foram afetados.
Para fechar o quadro da dor, tudo isso aconteceu durante o fechamento do trimestre fiscal.
A IBM deu orientações para os times de venda sobre como contornar o problema, inclusive com uso do Slack, uma solução de comunicação que é uma criança comparada com o Notes.
Krishna disse ainda que a IBM manda 4,2 bilhões de e-mails por semana (isso é um e-mail para cada pessoa no mundo todo a cada duas semanas) e que os funcionários só estão tendo problemas 30 minutos por dia.
Dos problemas causados pela migração dos e-mails da IBM, talvez os de comunicação interna sejam os menores, no final das contas. Muito mais grave é a mensagem que a crise manda para o mercado em geral.
A IBM está há uma década na luta por se reposicionar como um player relevante no novo contexto da TI, o que inclui jogadas realmente ousadas como comprar a Red Hat por US$ 34 bilhões em 2018.
Mas a mudança não está sendo fácil. A IBM fechou o ano ado com faturamento de US$ 73,6 bilhões, uma queda de 5%, e lucro de US$ 5,5 bilhão, uma queda de 42%, no mesmo ano em que outras empresas de tecnologia surfaram a onda do coronavírus e bombaram.
A diminuição de tamanho (a IBM fatura hoje mais ou menos a mesma coisa que em 1997, sem correção monetária) é o preço a pagar para deixar tecnologias antigas e com baixo crescimento e colocar no lugar chamados “imperativos estratégicos”: tecnologias quentes com margens altas como serviços cloud, inteligência artificial, segurança, blockchain e computação quântica.
Enquanto isso acontece, um ponto forte da IBM é a reputação de ser um provedor seguro para grandes projetos corporativos, como migrar milhares de contas de e-mail, um artigo básico para qualquer empresa. Essa imagem sofreu um arranhão.