
O ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, publicou uma portaria criando uma comissão técnica para acompanhar a entrega do Ceitec.
De acordo com uma reportagem da revista Istoé desta sexta-feira, 17, Mercadante estaria preocupado com indícios de irregularidades encontrados pelo Tribunal de Contas da União nas obras do centro.
Inaugurado em abril, o centro de desenvolvimento de chips teve o orçamento incrementado 13 vezes em seis anos, consumindo R$ 300 milhões – o dobro do previsto.
Segundo a Istoé, o TCU identificou um superfaturamento de R$ 15,8 milhões.
Mercadante, que de acordo com a revista classificou a situação para assessores como “um escândalo”, incluiu na portaria a ressalva que a entrega da obra. “não exclui a responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra, nem ético-profissional pela execução do contrato”.
Nos oito anos do governo Lula, o PSB controlou o MCT, responsável pelo Ceitec.
Procurado pela Istoé, o PSB alega que, dos 20 itens identificados com irregularidades, 18 deles foram considerados regulares pelo plenário do TCU e que os outros dois itens não ocasionariam dano ao erário.
Em declarações à Zero Hora nesta segunda-feira, 20, Beto Albuquerque, secretário de Infraestrutura e Logística e um dos líderes no PSB no estado abriu fogo contra Mercadante: "Ele está sendo oportunista, como sempre. Como se o Ceitec fosse do PSB e não do governo federal".
No domingo, 19, o atual presidente da estatal, Cyclon Gonçalves da Silva, afirmou que o ado do Ceitec “foi entregue ao ministério e está sendo cuidado pelos órgãos fiscalizadores”.
Silva, um PhD em física sem conexões partidárias, disse à ZH que quando assumiu “encontrou uma empresa totalmente desestruturada do ponto de vista de gestão”.
Histórico
As críticas à gestão do MCT e aos presidentes ligados ao PSB não são novas.
O presidente anterior do centro, o alemão Eduard Weichselbaumer, se demitiu do cargo por meio de uma carta cheia de críticas a condução do local.
“Durante os últimos 18 meses eu tenho apresentado o que é necessário para completar a fábrica - e que na minha opinião, poderia ter sido concluído há 12 meses atrás caso a istração do MCT tivesse sido eficiente”, critica o alemão na carta.
Dois ERPs
Em dezembro de 2010, uma reportagem do Baguete Diário revelou que o Ceitec possui dois sistemas de gestão diferentes.
O centro, que já havia comprado licenças de um ERP da SAP, comprou por R$ 450 mil software e serviços para implementação de uma solução concorrente da Totvs.
Na época, o Ceitec informou que o ERP da Totvs atenderá a área de compras, financeiro, contabilidade e patrimônio da fábrica de chips.
As licenças já compradas do ERP da SAP seriam usadas para gerir os processos da fábrica.