
O Brasil precisa se conscientizar de que não pode ser produtor apenas de commodities e que deve investir em uma produção de alto nível tecnológico que seja exportável.
É o que defende Pedro os, presidente do IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial e também da Natura, apontando para a falta de incentivos em desenvolvimento em comparação a outros países.
“O Brasil precisa construir sua capacidade inovadora para ter uma pauta de produção industrial e de serviços mais sofisticada. Só vamos conseguir participar competitivamente do mercado global se tivermos uma base inovadora forte”, enfatizou os.
Já de acordo com o estudo do IEDI, do total de 4,4 milhões de empresas de diferentes segmentos, apenas 30 mil se declaram inovadoras e só 6 mil realizam atividades de pesquisa e desenvolvimento.
“Falta um conjunto de incentivos para que o Brasil tenha os mesmos padrões de investimento em inovação de países como a Índia e China. Acredito ainda que a maior referência seja a Coréia, que está à frente em questões como educação e institutos de ciência e tecnologia”, analisa.
Segundo relatório do Ministério da Ciência e Tecnologia, o Brasil investe apenas 1,09% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, enquanto que na Coréia do Sul este índice é de 3,2%.
Para os, o fato de o Brasil ainda investir pouco em inovação não é um problema só de governo, mas também de mobilização da iniciativa privada.
“É preciso criar alguns mecanismos que facilitem a entrada da iniciativa privada, mas ela também precisa abraçar essa causa, acreditar que isso funciona e dá resultado”, afirmou o presidente.
Nesse sentido, os investimentos da Natura em pesquisa, informou os, alcançam R$ 120 milhões por ano, equivalentes a 3% do seu faturamento líquido.
Burocracia ainda barra investimentos
Em palestra realizada nesta quarta-feira, 28, na Federasul em Porto Alegre, os debateu o tema “Sustentabilidade e Inovação”, onde destacou que o Brasil tem muitas oportunidades pela frente, mas que esbarram em gargalos como educação e estrutura do governo.
“Ter a maior taxa de câmbio no mundo coloca o país fora da lista de exportadores de primeiro nível, além de um grande volume de produtos manufaturados, sem apelo tecnológico”, avalia.
Além da falta de mão de obra, decorrente da falta de investimentos em educação, o presidente do IEDI falou da dificuldade em termos de obtenção de créditos, decorrente da burocracia.
“Batemos de porta em porta para solucionar problemas, são vários órgãos que podem conceder incentivos, mas cada um com um critério. A sugestão do IEDI é criar uma sala de inovação, que faça uma governança mais unificada e de forma clara”, sugere.
Sobre o pacote anunciado nesta terça-feira, 27, pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Resende, que prevê recursos do BNDES da ordem de R$ 1, 6 bilhão destinados à inovação, os o vê como positivo, mas acredita que não represente ainda a solução dos problemas.
“É uma iniciativa que apenas reflete as demandas do setor. A política do governo ainda inclui na mesma página inovação, comércio exterior e desenvolvimento industrial, que são setores que às vezes não se complementam. É preciso definir prioridades em cada área e fazer uma política mais agressiva para sanar os gargalos”, concluiu.