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Ben Self decepcionou quem esperava assistir à palestra do guru de Barack Obama na web, durante o GO2, evento comemorativo dos 10 anos da AG2 realizado em Porto Alegre nesta quarta-feira, 20.

Por outro lado, Self - que ao parecer odeia ser chamado de "guru web de Obama" - empolgou quem esperava um retrato realista do uso das ferramentas da Internet na campanha do fenômeno Obama, e não apenas mais uma hora e meia de esoterismo digital entregue pelo astro da vez.
20 de maio de 2009 - 14:06
Ben Self não é um guru
Ben Self decepcionou quem esperava assistir à palestra do guru de Barack Obama na web, durante o GO2, evento comemorativo dos 10 anos da AG2 realizado em Porto Alegre nesta quarta-feira, 20.

Por outro lado, Self - que ao parecer odeia ser chamado de "guru web de Obama" - empolgou quem esperava um retrato realista do uso das ferramentas da Internet na campanha do fenômeno Obama, e não apenas mais uma hora e meia de esoterismo digital entregue pelo astro da vez.

O sócio fundador da Blue State Digital, empresa responsável pela estratégia online do então candidato à presidência dos Estados Unidos, começou a surpreender ao escolher o velho e-mail – tido por alguns como uma forma de comunicação superada – como a “killer aplication” da campanha, no lugar da badalada constelação de aplicativos 2.0.

“Do total de 500 milhões que arrecadamos online, pelo menos dois terços vieram por ações de e-mail”, afirma Self, mencionando a extraordinária capilaridade dos doadores da campanha, que foram cerca de 3,2 milhões de pessoas, contribuindo com uma média de US$ 100.  A lista de e-mails de Obama tinha 13 milhões de nomes.

Self procurou o tempo todo relacionar a eficácia de uma ação online pelos efeitos que ela pode causar numa campanha offline. “O objetivo era levar as pessoas atuar sobre seu network da vida real”, comenta o americano de 32 anos, nascido no conservador estado de Kentucky, onde reside até hoje.

De acordo com Self, a estimativa é que 98% dos visitantes do site de Obama já fossem simpatizantes do candidato. Por isso, a ênfase da campanha foi estimular os integrantes das redes sociais democratas a convencer os seus vizinhos indecisos.

Na atividade, os militantes tiveram a ajuda de um aplicativo de mapas que indicava vizinhos que afirmaram em pesquisas não haver decidido seu voto.

Modesto, Self minimizou inclusive seu contato pessoal com Obama durante a campanha – fato que além do discurso sóbrio o desclassifica totalmente do status de guru. “Nós falamos uma vez. Eu não ligo para Barack Obama toda noite”, resume o americano.

Políticos brasileiros
Ben Self preferiu não fazer maiores comentários sobre suas impressões a respeito dos políticos brasileiros ou a possibilidade de a Blue State Digital atuar nas próximas eleições por aqui, ainda que tenha itido ter aproveitado para prospectar possíveis clientes no país.

Apesar de fazer mistério sobre as reuniões – é sabido que esteve conversando com representantes do PSDB e PT em São Paulo –, Self não se furtou de criticar as limitações impostas pela legislação eleitoral brasileira no que diz respeito a Internet.

“Ninguém vai conseguir me explicar porque um candidato deve ter um site só”, resume.

O executivo também se manifestou sobre um tema ainda mais espinhoso: o desvio de recursos para o Caixa 2 dos partidos. “A tecnologia é uma ótima maneira de rastrear o destino das doações. Todo o dinheiro recebido na nossa campanha estava discriminado no site de Obama”, comenta.

Posição política
Totalmente comprometido com o Partido Democrata nos EUA (Blue State é a denominação para estados tradicionalmente democratas), o executivo afirma que a empresa prefere atuar com partidos de esquerda ou centro-esquerda no exterior, o que já faz na Inglaterra, Irlanda, Itália, Nova Zelândia e Austrália, entre outros países.

Para Self, é difícil que os republicanos venham a ter um case de sucesso no uso da Internet nas próximas campanhas. “A estrutura deles é muito mais hierarquizada, o que dificulta a descentralização das decisões necessárias numa campanha como a que fizemos”, avalia.

Comentário no Quentinhas e Narigadas
A palestra de Ben Self foi tema de dois comentários do editor do Baguete, Maurício Renner, no blog Quentinhas. No blog Narigadas, Jonatas Abbott avaliou o destaque dado por Self aos e-mails como forma de interação.
Confira a opinião do jornalista e do blogueiro pelos links relacionados abaixo.