
30% das rodadas de aportes em startups até agosto deste ano tiveram fundos de CVC entre seus investidores. Foto: Depositphotos
O Bradesco, o Banco BV e o Banco do Brasil foram os maiores investidores em startups brasileiras em 2022 através de seus respectivos fundos de corporate venture capital (CVC).
É o que revela um estudo realizado pela Sling Hub junto a EY e Alya Ventures.
Conforme o NeoFeed, os três bancos participaram de 15 rodadas de investimentos, sendo seis do Bradesco, cinco do Banco BV e quatro do Banco do Brasil.
Os bancos BTG Pactual e Goldman Sachs vêm na sequência, com três investimentos cada. A Vivo Ventures, o fundo CVC do Hospital Albert Einstein e a Eurofarma também fizeram três investimentos.
“O setor financeiro brasileiro sempre investiu muito em novas tecnologias. Ao fomentar a inovação e mudar aspectos regulatórios para facilitar a entrada das fintechs no mercado, criou-se uma pressão para os bancos entrarem no jogo", explica Cássio Spina, cofundador da Alya Ventures.
Segundo Spina, as estratégias que levam os bancos a investirem em novas empresas são diferentes. Em geral, há um olhar para blockchain e para a área de seguros.
“O Bradesco tem uma tese mais ampla, enquanto o Banco BV prefere concentrar os investimentos", detalha.
Rafael Padilha, diretor de private equity e venture capital do Bradesco, explica que a instituição está monitorando alguns setores para investimentos futuros. Entre eles, estão inteligência artificial, segurança digital, meios de pagamento e banking as a service.
A expectativa do banco é investir mais de R$ 50 milhões em startups das áreas que já possuam um modelo de receita consolidado e "caminho claro para o breakeven".
Já no Banco BV, os investimentos são voltados para startups do setor financeiro e insurtechs. De acordo com Eduardo Brussi, head de corporate venture capital da instituição, a preferência é investir cheques de cerca de R$ 20 milhões.
Conforme a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap), 30% das rodadas de aportes em startups até agosto de 2023 tiveram fundos de CVC entre seus investidores. Em 2022, o número foi de 16%.
Apesar disso, o valor total investido e o tamanho dos aportes diminuiu. No ano ado, as startups receberam US$ 1,9 bilhão de fundos de CVC, uma queda de 59% em relação a 2021. O valor médio das rodadas ficou em US$ 19,9 milhões, diminuição de 60%.
PANORAMA DE STARTUPS
O Brasil possui cerca de 20 mil startups em atividade e a perspectiva é que apenas 2 mil desses negócios sobrevivam. De acordo com o Sebrae, nove em cada 10 empresas do tipo encerram suas atividades nos primeiros anos de operação.
Além disso, seis em cada 10 startups não avançam para uma segunda rodada de captação no Brasil.
Neste ano, o dinheiro disponível para esse tipo de empresa derreteu no país, com o primeiro trimestre de 2023 registrando uma queda de 86% em novos aportes em comparação ao ano anterior.