
Adjiedj Bakas - Ricardo Jaeger/temporealfoto.com
O capitalismo trará novas formas de produção e nos tornará mais inteligentes.
Esta foi uma das previsões da palestra do escritor e consultor de empresas, Adjiedj Bakas, que ocorreu nesta segunda-feira, 19, em Porto Alegre.
Para o escritor holandês, a crise financeira é uma oportunidade para a criatividade, com o desenvolvimento de inovações.
“Uma depressão sempre antecede uma revolução tecnológica. Foi o que aconteceu nos anos 30, que precedeu a revolução industrial, e nos anos 80, que antecederam um período de inovação”, lembrou.
Segundo Bakas, os próximos 10 anos serão de muita inovação, sendo que 20 cidades, entre elas São Paulo, terão mais poder do que cerca de 80 países.
Com o tema “Além da crise: o futuro do capitalismo”, a apresentação abordou três tendências para o futuro dos negócios: o fim do euro, a economia verde e as novas formas de produção nos setores econômicos. Para o palestrante, “as pessoas devem correr o mais rápido possível” para acompanhar as mudanças.
Na primeira perspectiva, além de um período de economia híbrida, o consultor falou sobre a crise e o deslocamento de poder para os países emergentes, além do fim da moeda adotada pelos 16 países da comunidade européia.
Também foram abordados o alto endividamento externo das nações européias, em contraposição ao moderado endividamento norte-americano e ao do Brasil que, segundo o escritor, não está entre as 20 maiores dívidas do mundo.
Bakas ressaltou que os consumidores têm muito mais poder do que nunca, com as novas mídias sociais e alertou para um dos grandes desafios do futuro: “a população está crescendo todos os dias e temos que ser criativos para lidar com isso”.
A mudança climática e o crescimento do pensamento verde foi a segunda tendência abordada por Bakas. Para ele, o pensamento tem crescido como uma nova religião, principalmente entre aqueles que não têm crença religiosa na Europa.
“Produzir de forma ecológica vai ser tendência. Com a mudança climática vão surgir novas formas de construir, mais cidades verticais. Por outro lado, ainda achamos que podemos resolver o problema com lâmpadas de LED quando não há um controle populacional”, destaca.
Bakas lembrou que na Grã-Bretanha os consumidores são motivados pela “onda verde”, e citou o exemplo da empresa Unilever, que duplicou o faturamento em 10 anos, adotando atitudes mais ecológicas.
No terceiro movimento, novo capitalismo e novas formas de produção, o palestrante comentou a forte influência que o Brasil pode ter na produtividade global, devido ao grande espaço que dispõe e falou da ascensão do nacionalismo econômico como fator de atraso na globalização, citando como exemplo a Inglaterra.
Exemplificando como a tecnologia pode impactar as formas produtivas, o escritor citou a tomada dos empregos tradicionais por máquinas e robôs.
“Pessoas que trabalham em caixas de supermercado, por exemplo, perderão empregos. Vamos produzir mais, com menos pessoas. Precisaremos ser muito criativos para achar emprego para toda essa gente”, enfatizou Bakas.
O escritor já aconselhou figuras políticas como Jesse Jackson e o presidente da Islândia, além de ser conselheiro de empresas como Shell, Unilever, ABN AMRO, Deloitte, PWC e Heineken. Na Holanda, foi eleito o "Empresário Negro do Ano", em 2008.
A apresentação abriu a programação do 11° Congresso Internacional da Gestão, evento promovido pelo Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP), e que deve reunir 7 mil pessoas na Fiergs até a quarta-feira, 21.
Entre os especialistas em istração que ainda arão pelo congresso estão Kim Barnes, presidente da Barnes & Conti; e Roberto Saco, presidente da ASQ.