
Bruno Rafael Florentino - Foto: ICMC USP São Carlos
Bruno Rafael Florentino, um estudante da USP de 22 anos, tornou-se o primeiro sul-americano a ganhar a medalha de ouro Thomas Clarkson no Global Undergraduate Awards 2024, evento que reconhece os melhores trabalhos de conclusão de curso (TCC) do mundo.
Com a pesquisa Bio Prediction PPI – Predict Interactions Between Biological Sequences, o acadêmico venceu na categoria de ciências da computação em uma disputa com 11 candidatos.
A entrega do prêmio ocorrerá na Irlanda, entre os dias 10 e 13 de novembro, para um total de 24 estudantes.
Usando um modelo de linguagem, a solução desenvolvida por Florentino tem o objetivo de facilitar o trabalho de biólogos e acelerar a criação de novos medicamentos a partir de uma ferramenta de inteligência artificial que automatiza a previsão de interações.
A tecnologia é usada para estudar como patógenos interagem com moléculas do corpo, ajudando a entender infecções e a desenvolver tratamentos.
Para identificar as interações mais prováveis, a ferramenta calcula combinações de proteínas, reduzindo o número de testes necessários e acelerando o processo de pesquisa.
Em um dos experimentos, foram analisados 15 mil pares de possíveis interações entre proteínas do vírus Influenza A e a ferramenta conseguiu reduzir esse número para 1.265 interações prováveis.
Dessas, 75% eram de fato interações positivas, o que significa que o modelo acertou três em cada quatro predições.
Para alcançar os resultados positivos, o estudante utilizou mais de 10 bases de dados biológicos disponíveis e comparou seu modelo com mais de 20 ferramentas já existentes.
Florentino nasceu em Guaxupé, no sul de Minas Gerais, e começou seus estudos no Instituto de Física de São Carlos (IFSC), da USP, no curso de Bacharelado em Física.
No primeiro ano, migrou para Ciência Física e Biomoleculares e, no 5º período, durante o curso de Biologia Molecular Computacional, decidiu adentrar no mundo da computação.
Acostumado com a lentidão dos testes in vitro na biologia, o estudante encontrou na computação o ambiente ideal para aplicar suas pesquisas. Com a ajuda do professor André Ponce de Leon, docente e diretor do ICMC, ou a participar de grupos de pesquisa que originaram o Bio Prediction PPI.
O acadêmico continua a aprimorar a ferramenta, agora como doutorando no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.
“Meu objetivo agora é validar minha ferramenta junto a biólogos, aplicando-a em problemas reais, algo que nunca vi ser feito antes. A ideia é que os biólogos possam treinar seus próprios modelos preditivos, sem necessidade de programação”, destacou Florentino ao site do ICMC
Com a viagem para receber o prêmio, o acadêmico pretende fazer networking e abrir portas para novas parcerias e colaborações em nível internacional.