
Novo core bancário será um trabalho a duas mãos. Foto: Pexels.
O Ailos, sistema de cooperativas de crédito catarinense, projeta investir R$ 370 milhões em tecnologia, utilizando cerca de 62% desse valor ainda em 2021 e o restante nos anos seguintes.
No planejamento da organização, estão projetos que envolvem a troca do core bancário para a solução da Topaz, empresa da Stefanini especializada em soluções financeiras, e a migração para a nuvem da AWS, além de excelência em integrações, inteligência de dados e aprimoramento da cultura e inovação — visando os próximos 10 anos.
O core bancário atual da Ailos foi desenvolvido internamente na década de 90 e é baseado principalmente na tecnologia Progress, o que gera dificuldades na evolução da plataforma, de novos produtos e na questão de performance.
Segundo Hélio Cordeiro Mariano, diretor de tecnologia da Central Ailos, a complexidade da mudança será grande, envolvendo muitos processos de instituição financeira, e deve demorar entre três e quatro anos.
“Não é uma virada de chave né, a gente vai fazer um processo gradativo, onde colocamos esse segundo core bancário no ar, começamos a habilitar alguns produtos e criar uma convivência com o core atual, para depois ir desligando o core atual gradativamente”, explica Mariano.
O diretor da Ailos explica que o core bancário é apenas um pedaço da engrenagem, pois precisa ser combinado com uma série de ferramentas, como APIs, solução para fazer gestão das integrações (PAS), solução de Master Data Management (MDM) e uma ferramenta de low code.
Como são muitas peças para entregar todas as funcionalidades, a empresa está estruturando equipes e montando o planejamento para a execução. No caso da migração para a nuvem, o projeto deve levar cerca de cinco anos.
Hoje, a Ailos tem dois data centers em colocation, um localizado na Oi, em São Paulo, e outro na CenturyLink, em Curitiba. Como a Oi vendeu a operação paulistana de data center, a organização ainda está avaliando os movimentos disso.
“Como a gente vai construir tudo novo, estamos nos organizando para que seja construído na nuvem para ter mais flexibilidade e competitividade. Os serviços novos já vão nascendo na nuvem e os atuais vão sendo migrados de forma gradativa”, explica Mariano.
A instituição não abre os valores destinados a cada tipo de solução, mas afirma que também há investimento em open banking, marketplace, novos negócios e em ferramentas como o Ailos Aproxima, que permite uma vitrine de anúncios para os cooperados.
Hoje, o Sistema Ailos possui cerca de 10% da issão dos cooperados por meio digital e o objetivo é aumentar esse índice, chegando a pelo menos 50%, além de dobrar o número de clientes para 2 milhões até 2025. Para isso, melhorias também serão feitas nos aplicativos e site.
“Como a gente tinha que fazer essa revitalização do core mas, também, continuar entregando as evoluções que o mercado está pedindo, continuamos investindo nos nossos canais, na parte de digitalização das cooperativas e em ter mais ofertas de serviços no digital”, conta o diretor.
Para dar conta dessa demanda de entregas em paralelo, o investimento inclui a abertura de mais de 200 vagas só na área de tecnologia.
Constituído em 2002, o Ailos conta com mais de 1 milhão de cooperados, uma cooperativa central, 13 cooperativas singulares, mais de 200 postos de atendimento e R$ 11 bilhões em ativos.
Com atuação nos três estados da região Sul, o sistema possui cerca de 4 mil colaboradores. Dentre as cooperativas que o compõem, estão Acentra, Acredicoop, Civia, Credcrea, Credelesc, Credicomin, Credifoz, Crevisc, Evolua, Transpocred, Únilos, Viacredi e Viacredi Alto Vale.
A Topaz é uma empresa uruguaia de sistemas de core bancário adquirida pela Stefanini em 2012. Recentemente, a companhia foi apontada pelo Gartner como uma das 15 mais relevantes no segmento de soluções de banco digital.
Já a AWS não chega a ser um player especializado no segmento financeiro, mas está levando a maioria dos grandes contratos de migração de instituições financeiras no país nos últimos tempos.
O caso mais chamativo é o do Itaú, que deve migrar 50% da infraestrutura do banco para a nuvem até o fim de 2022, como parte de um contrato de 10 anos assinado com a AWS no final do ano ado.
Nos últimos anos, a empresa da Amazon fechou contratos com a Digio, plataforma criada pelo Bradesco e pelo Banco do Brasil, e o Fibra, focado em grandes e médias empresas dos setores de agronegócio e corporativo.
O Google vem correndo por fora, tendo recentemente divulgado um grande contrato com o banco BV, nova marca do Banco Votorantim, quinto maior banco privado brasileiro em ativos.