
Marciano Testa é o homem do momento.
O Banco Agiplan vai investir R$ 750 milhões em tecnologia e inovação ao longo dos próximos três anos com o objetivo é criar um banco totalmente digital.
A informação é da coluna Acerto de Contas da Zero Hora, que ressalta que o investimento não considera o investimento na ampliação da rede física, apenas tecnologia.
A nota diz ainda que o dinheiro será gasto em Porto Alegre, onde a Agiplan tem a sua sede e o seu laboratório de inovação do Banco Agiplan.
Estão previstas ainda a abertura de 150 vagas previstas para a área de tecnologia e inovação.
A notícia coloca a Agiplan como um destaque absoluto no mercado de tecnologia a nível regional daqui para frente.
Na notícia publicada na Zero Hora, inclusive, o fundador da Agiplan, Marciano Testa, ressalta sua intenção de manter a sede da empresa em Porto Alegre, o que soa como um alívio para as empresas de TI locais, que tem visto os centros de decisão deixarem o estado.
Dito tudo isso e sem intenção de ser chato, é preciso colocar esse investimento gigantesco no contexto desse tipo de negócio.
A primeira avaliação é quanto desse valor acabará entrando no mercado local.
O Banco Inter, um dos maiores bancos digitais já em operação no país, anunciou recentemente que está está em processo de migração de seus servidores e aplicações para os serviços em nuvem da Amazon Web Services.
Se a Agiplan tomar uma decisão similar de não reforçar seu data center local, uma boa parte da verba acabará indo para algum player como a AWS.
Outra avaliação a ser feita é sobre o timing do investimento em si.
A grande onda de fintechs no mercado brasileiro foi no ano ado, quando abriram por aqui o Banco Inter, Nubank e Original.
O Original, por exemplo, gastou R$ 600 milhões para colocar sua operação para rodar, vindos dos bolsos da holding J&F Investimentos. O Nubank, fundado em 2014, já levantou US$ 180 milhões até agora junto a fundos internacionais.
Essa onda de fintechs já tem uma grande visibilidade no mercado (é só ver o logotipo do Inter na camisa do São Paulo, ou o frisson em torno do lançamento da conta corrente do Nubank nessa semana).
Eles estão sendo encarados de frente pelos bancos tradicionais como Itaú, Banco do Brasil e Santander, que estão lançando suas próprias plataformas digitais, sem agências e com istração por meio de apps.
Só o Itaú colocou R$ 3,3 bilhões em um data center inaugurado em Mogi Mirim em 2015.
Nesse contexto, a Agiplan é um player relativamente pequeno.
A empresa incorporou no começo de 2016 o Banco Gerador, com forte atuação de varejo e atacado no Nordeste do Brasil e 200 mil clientes.
Com a aquisição, a Agiplan, até então concentrada no mercado de empréstimos pessoais, se tornou um banco.
Em termos de tecnologia, o o mais ousado foi o lançamento do Agipag no final do ano ado.
Baseado na tecnologia de conta corrente do Gerador e tendo a Stefanini com uma participação minoritária, o Agipag é um sistema de micropagamentos móveis.
O Agipag tinha algumas funcionalidades equivalente a conta corrente, mas está longe de ser uma solução completa para banco digital.
A Stefanini pode ser um dos destinatários do investimento, visto a expertise da empresa na área financeira e o conhecimento do produto.
Parte da preparação da Agiplan foi a nível de pessoal. Recentemente, a empresa andou fazendo contratações de profissionais vindos do Sicredi, uma instituição financeira de maior porte.
A TI do Banco Agiplan foi assumida por Fernando Castro, ex-líder de transformação digital do Sicredi. O cargo de gerente de segurança, por Marcos Donner, outro ex-Sicredi.
Do time antigo permanece na empresa Rodolfo Marun, gerente responsável pela área de sistemas. Ele foi contratado em janeiro de 2015, vindo da Bovespa.