
Hora da saída de cena para a Cebit. Foto: Cebit.
A Cebit, uma feira com 33 anos de história e no ado um dos maiores eventos do calendário de tecnologia, não existe mais.
A Deutsche Messe, gigante de eventos alemã, decidiu cancelar a edição prevista para junho de 2019 e acabar com o evento, devido à queda no número de visitantes e de expositores interessados.
Segundo a imprensa alemã, exibidores âncora como IBM, SalesForce e Huawei já haviam sinalizado que não iam participar, enquanto outros nomes como as alemãs Volkswagen e SAP sinalizaram que iam permanecer, mas reduzir o espaço comprado.
Nessa situação, a feira poderia gerar um prejuízo de € 5 milhões em 2019 e a organizou optou por fechar a lojinha.
Durante o final dos anos 90 e no começo dos 2000, a Cebit era um barômetro do setor de tecnologia, com 850 mil visitantes anuais no evento, realizado em Hannover.
A última edição, em julho deste ano, foi uma sombra disso, com 120 mil participantes.
A Deutsche Messe ainda tentou uma virada no jogo nesta última edição, que foi transferida de março para junho, tentando aumentar a distância entre o Mobile World Congress em Barcelona e o Consumer Electronics Show em Las Vegas.
Com a nova data, no começo do verão europeu, a Cebit tentou emplacar uma aura mais descontraída (uma roda gigante foi instalada na feira), no que um executivo definiu como uma combinação de “feira, conferência e evento de networking tudo em um”.
A pauta tinha todos os assuntos quentes do momento, como internet das coisas blockchain, robôs, cloud e outras.
Num movimento que é um pouco um sinal dos tempos, algumas partes da Cebit serão incorporadas dentro da Hannover Messe, feira do setor de indústria realizada em abril na mesma cidade.
A avaliação da Deutsche Messe é que os expositores, e o dinheiro, que iam para a Cebit estão indo para eventos verticalizados, nos quais fornecedores tentam atingir as indústrias, no lugar de esperar que as indústrias venham até eles.
Um caso claro é todo o universo relacionado com a indústria 4.0, dentro do qual faz mais sentido para uma empresa fornecedora de tecnologia estar na Hannover Messe do que na Cebit.
Com o fim da Cebit, termina também um capítulo da história da TI do Brasil, em particular no quesito “tentativas de projeção internacional”.
A Softex, agência semi estatal de promoção de exportação de software brasileiro, organizou 16 missões de empresas nacionais para o evento, no qual as companhias dividiam um stand coletivo.
Até onde a reportagem do Baguete tem notícia, a última missão desse tipo foi em 2015, com sete integrantes.
Foi uma sombra do ano de maior destaque do Brasil: 2012, quando o país foi o país parceiro da Cebit.
Na condição de país parceiro, se espera uma participação maior de expositores, o que efetivamente aconteceu.
Foram 130 expositores brasileiros, entre empresas privadas com uma ajuda de subsídios e órgãos diretamente ligados ao governo como Petrobras e Embrapa.
A então presidente Dilma Rousseff (PT) esteve presente e eou pela feira com a chanceler alemã, Angela Merkel. O inevitável Carlinhos Brown também foi.
A participação brasileira foi precedida de uma versão brasileira da Cebit, a Bits, organizada em Porto Alegre. A primeira foi em 2010. Cinco anos depois, sem nunca ter chegado a emplacar de verdade, a feira foi encerrada, antecipando o destino da nave mãe.