
Oficial da reserva da Marinha vem de uma liquidação bem sucedida em Minas Gerais. Foto: Pexels.
O governo federal nomeou o responsável por fazer a liquidação do Ceitec, fábrica estatal de chips instalada em Porto Alegre.
O oficial da reserva da Marinha Abílio Eustáquio de Andrade Neto foi indicado para a missão na quinta-feira, 11, logo depois do governo conseguir derrubar uma liminar da Justiça Federal do Rio de Grande do Sul que havia travado o processo.
Andrade Neto foi o responsável por conduzir a extinção da Companhia de Armazéns e Silos do Estado de Minas Gerais (Casemg).
Ele terá 30 dias para apresentar um plano de trabalho ao Ministério da Economia, que deverá conter o cronograma de atividades da liquidação, o prazo de execução e a previsão de recursos financeiros e orçamentários para a realização das atividades previstas.
O militar agilizou as coisas em Minas Gerais. A liquidação da Casemg havia sido autorizada em outubro de 2018. Andrade Neto foi indicado para substituir o liquidante em novembro de 2019 e a empresa foi fechada um ano depois, em novembro de 2020.
Criada em 1957 pelo governo mineiro e federalizada em 2000, a Casemg é uma empresa muito mais simples do que o Ceitec.
Entre 2017 e 2020, considerando as despesas istrativas e os custos de operação, a média anual de gastos da Casemg foi de R$ 19 milhões. O custo de liquidação da companhia foi de R$ 35,2 milhões.
No Ceitec, os valores são outros. Entre 2010 e 2018, o Tesouro Nacional precisou rear cerca de R$ 600 milhões à empresa a fim de cobrir os seus custos, período no qual o prejuízo chegou a R$ 160 milhões.
Os custos de fechar o Ceitec também prometem ser bem maiores.
Pelas contas da Associação dos Colaboradores do Ceitec, que reúne 80% dos 180 empregados da estatal, a empreitada pode custar R$ 300 milhões.
“Não estamos falando de simplesmente tirar da tomada. É um parque com químicos, com gases tóxicos. Precisa fazer uma licitação internacional para selecionar uma estrangeira, licenciada para isso, vir desconectar”, disse ao Convergência Digital em julho do ano ado o engenheiro Júlio Leão, porta-voz da associação dos colaboradores do Ceitec.
Os funcionários do Ceitec estavam na época tentando promover o argumento que faria mais sentido para o governo manter a empresa aberta até ela entrar no azul do que fechar as portas.
Um complicador adicional do processo é a previsão de transferir parte das atividades de pesquisa e da propriedade intelectual do Ceitec para uma organização social (OS).