
Rede privada possibilitou uso de tecnologias como os veículos autoguiados. Fotos: divulgação.
A Huawei afirma ter melhorado em 25% a eficiência operacional do centro de distribuição brasileiro da companhia, localizado em Sorocaba, São Paulo, com a implementação de tecnologias conectadas a uma rede 5G privada.
Ainda em agosto de 2020, após autorização especial da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a empresa implantou o projeto no armazém de 22 mil metros quadrados junto com a operadora Vivo.
No total, foram instaladas 12 antenas com cobertura de 2 mil metros quadrados cada, capazes de conectar até 300 dispositivos inteligentes. Utilizando a nova conexão, que é complementada com o Wi-Fi 6, a companhia aplicou novas tecnologias em oito cenários.
A primeira delas é a armazenagem e estoque com RFID. Na prática, as etiquetas de papel para a expedição e recebimento no CD foram trocadas por etiquetas RFID e cartões RFID apagáveis de Frequência Ultra-Alta (UHF, na sigla em inglês).
Com o sistema, agora é possível visualizar em tempo real todo o processo, pesagem completa e transações de entrada e saída, além de escanear as prateleiras camada por camada, comparar locais de armazenamento e caixas de material, identificar materiais desembalados e completar o estoque sem retirá-los da prateleira.
A contagem de inventário das matérias-primas, realizada a cada três meses, antes demorava dois dias para ser realizada e, agora, leva duas horas. Já o processo completo de stock taking foi reduzido de quatro para dois dias.
No local, a empresa também utiliza ferramentas de scanner 5G, como assistente pessoal digital (PDA) industrial, leitor de código de barras portátil e leitor de radiofrequência portátil, com os quais os profissionais gerenciam a entrada, saída e retirada do estoque.
Outra tecnologia implantada no armazém foi o controle de veículos autoguiados (AGVs, na sigla em inglês) baseados em nuvem, com 12 robôs móveis autônomos (AMRs), equipamentos que navegam a partir de sensores e câmeras.
No processo de armazenagem, eles são utilizados para fazer o transporte de matéria-prima e equipamentos dentro do CD. Cada robô tem capacidade para carregar 800 quilos, bateria com duração de seis horas e recebe as informações em tempo real.
Já o uso de empilhadeiras móveis autônomas, projetadas para transportar paletes e racks em agens extremamente estreitas, ainda está sendo configurado e deve entrar em operação em janeiro de 2022.
Neste caso, os módulos que requerem alto desempenho em tempo real são a coleta de dados de sensores, controle de movimento e prevenção de obstáculos de emergência.
No centro de distribuição, a Huawei também utiliza um robô de diagnóstico remoto 5G, um sistema automático que integra o robô inteligente AGV e realiza a detecção de temperatura, umidade e fumaça, com interação remota de áudio e vídeo e comunicação remota em rede.
Ele é usado para substituir a inspeção manual de rotina em áreas de alto risco e fornecer e remoto para o turno noturno e exceções de fim de semana.
Outra solução aplicada no armazém é o cloud test, novo método de teste baseado na tecnologia de cloud computing, que pode ser utilizado em ambiente de software, hardware, software adaptável, teste automático das funções e teste de desempenho.
Como a conexão 5G não precisa de cabos, ela também foi utilizada para montar a linha de produção de forma flexível. Caso houvesse uma rede cabeada, seria necessário um reinvestimento cada vez que o layout dela fosse ajustado.
Por fim, foi implantada a vigilância por vídeo 5G, no qual as redes sem fio são usadas para carregar dados de vídeo em nuvem, com armazenamento em grande escala e análise de vídeo por inteligência artificial.
Com as implantações, a Huawei também observou uma redução de 30% no ciclo de produção, a melhoria de 20% no giro de estoque, assim como a eliminação total dos erros operacionais e do uso de papel.
Outros resultados observados foram o maior controle do armazém e do estoque, monitoramento amplo dos veículos, minimização de problemas com a identificação de falhas mecânicas antes que acontecessem e ampliação das conexões sem fio.
“Essas conquistas têm um papel muito importante para a nossa companhia, para os nossos clientes e para a sociedade. Esse armazém inteligente definitivamente é o principal local onde os produtos e soluções hi tech da Huawei são montados e entregues para os nossos clientes e, no final, servem todos os cidadãos brasileiros”, explica Mr. Yinhui, presidente de CNBG da Huawei.
Agora a chinesa lançou um estudo sobre o case e, segundo a empresa, o objetivo não é vender diretamente as aplicações. A ideia é difundir o uso do 5G na logística e em outras indústrias, o que deve beneficiar a implantação por parte das operadoras, que são suas clientes.
Fundada em 1987, a Huawei tem sede em Shenzhen, na China, e está presente em mais de 170 países com 54 mil produtos e 190 mil funcionários, atendendo mais de um terço da população mundial. Em 2020, faturou US$ 136,7 bilhões, alta de 11,2% em relação ao ano anterior.
Há 23 anos no Brasil, a companhia é líder no mercado nacional de banda larga fixa e móvel e possui escritórios nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Recife, além de um centro de distribuição em Sorocaba e um centro de treinamento na capital paulista.
*Luana Rosales visitou o centro de distribuição da Huawei, em Sorocaba (SP), a convite da companhia.